quinta-feira, 22 de setembro de 2011

194

Não são 194 as coisas que me atormentam. São bem menos mas os efeitos são gigantescos. Bem acima de 194 preocupações.



194 é o número de países que poderiam existir inscritos na ONU se amanhã fosse reconhecido ao povo palestino o direito ao seu Estado. Não vai ser porque os EUA vão vetar. Os EUA de Obama, o mesmo do discurso do Cairo. Por cobardia ou cínica conveniência, Obama fará, na íntegra, o jogo de Israel que nega sistematicamente o direito aos palestinos a serem-no com dignidade. Poderia ser um momento histórico mas será apenas mais um episódio de cruel cinismo. Como acreditar nos nossos dirigentes?



Poderia ser interessante ver até que ponto isso poderia servir para arrefecer o barril de pólvora, poderia ser interessante ver até que ponto uma certa tendência secular na Palestina seria reforçada e esvaziar o Hamas. Seria interessante ver como votaria a UE, se desunida como habitual se unida para variar, dando sentido a uma política externa comum, seria mas não é: além de imbecilmente dividida a UE é ainda mais irrelevante: alvo de chacota merecida porque assim se tratam os farsantes decadentes que trituram financeiramente os seus Estados Membros.



Tanto que se poderia ler e pensar sobre este assunto. Ouvir outros. Mas, na verdade, não há disposição mental: com um país como aí o temos, com incumbentes que buscam glória e reconhecimento mediático nos "sacrifícios" que impõem aos cidadadãos, enfim, com o futuro hipotecado e preso num labirinto de falta de oportunidades, o gosto pela cidadania esboroa-se. Tal como muitos pretendem...

1 comentário:

Tiago Sousa disse...

Os EUA um Estado de Direito, onde a justiça tem um peso e visibilidade, é lastimoso observar o direito de veto de um país que se diz defensor dos direitos humanos e da igualdade perante a lei. Mais do que ninguém deve dar o exemplo. Bom apontamento!!! Esperemos que voltemos a ele num futuro próximo.