quinta-feira, 15 de agosto de 2019

As Areias do Imperado uma trilogia Moçambicana Mulheres das Cinzas (Volume I)


O primeiro volume de Areias do Imperador, intitulado por Mia Couto "Mulheres das Cinzas".
Optei por me afastar da inúmera informação que existe na internet sobre o primeiro volume desta trilogia, para dar na íntegra o meu cunho pessoal ao livro que acabei agora de ler.
Mulheres das cinnza é um livro que retrata a conquista de Gaza (região localizada a Sul de Moçambique)  por Mouzinho de Alburque no final do século  XIX, região governada pelo Imperador Ngungunhane que liderava a força Vátua que se opunha à presença portuguesa em Moçambique.







O início da trilogia gira em torno de uma aldeia com o nome fictício assim como as suas personagens

A coroa Portuguesa com uma economia frágil não conseguia fazer face à defesa de um país tão extenso com é Moçambique e a região de Gaza constituída por inúmeros povoados foi conquistada pelo imperador de Gaza (Ngungunhane) que se aproveitou das fraqueza da coroa portuguesa.

As personagens da aldeia de Nkokolani são o avô Tsangatelo, o pai Katami, a mãe Chilkazi e os filhos Iami, Dubula e Mwantu são uma família abastada quando comparamos com os restantes habitantes da aldeia.

Tsangatelo e Katami eram pessoas muito respeitadas na aldeia com uma clara ligação à coroa portuguesa. Os membros mais novos da família, apresentavam características muito diferentes, pois enquanto  Dubula  era rebelde e lutava a favor do imperador, Mwantu por ter uma personalidade mais frágil optou por defender a coroa portuguesa. Iami a mais jovem da família apresentava uma estreita ligação à família e aos hábitos e costumes da aldeia.
Tsangatelo era conhecido por ser o mensageiro e comandante de um conjunto de homens no transporte de correspondência, marfim pratas e outros viveres que lhes eram solicitados. Acontece que numa dessas viagens Tsangatelo demorou um pouco mais do que o previsto e sua mulher não conseguiu pagar à coroa portuguesa os impostos devidos. Como consequência do incumprimento  o Governo Português levou a esposa de Tsangatelo para pagar a dívida e apesar do seu regresso e do pagamento da dívida esta nunca mais foi vista.

De uma forma intempestiva Tsangatelo partiu para a África do Sul em direção às minas de diamantes, contrariando a opinião da família que considerava o trabalho muito duro para um homem de 70 anos. Tsangatelo nunca mais foi visto na aldeia após a sua partida para a África do Sul sendo dado como morto.

Katami trabalhava na agricultura e era perito na realização de tarimbas um instrumento africano. Certo dia a coroa portuguesa solicitou a Katami que este transportasse armas para os portugueses que se encontravam em Lourenço Marques, tarefa essa que nunca foi bem aceite por sua mulher Chilkazi que considerava que essas armas iriam destruir a sua aldeia.

Portugal para o domínio das suas colónias enviava governadores que eram pessoas instruídas que eram contra as ideologias vigente e como punição, eram condenados a ir para as colónias fazer a ligação com as comunidades locais e dar-lhes a entender as mais valias da presença do Governo Português em Moçambique. Neste caso foram Sardinha, Fragata e Germano de Melo. Sardinha teve um final trágico dada a afinidade que ganhou com as comunidades locais perdeu as ligações a Portugal e a sua permanência em Moçambique já estava a ser prejudicial a Portugal. Sardinha percebeu do descontentamento do governo e devido ao isolamento e pela situação frágil em que se encontrava suicidou-se com a espingarda que trazia consigo.

A personagem mais retratada na História através de inúmeras cartas foi  Germano de Melo que comunica ao General Português que comanda as tropas em Lourenço Marques a situação de fragilidade que vivia e a importância da escrita para ajudar a passar o tempo a que estava condenado. Germano de Melo manteve uma ligação com os habitantes da aldeia de  Nkokolani sendo Mwantu o seu guarda costa e Iami pelo seu português fluente, sua cúmplice, enfermeira e a mulher que lhes satisfez os seus desejos. Germano de Melo dada a cumplicidade que ganhou com  Iami chegou a prometer-lhe algo que se veio a revelar fatal, pois disse-lhe que a Coroa Portuguesa defendia a aldeia perante o Imperador o que não veio a acontecer. Os vátuas e outras forças rebeldes invadiram a aldeia queimaram as casas,colheitas agrícolas, violaram e mataram mulheres e homens sem que a coroa portuguesa não fizesse qualquer oposição.
Iami ficou muito desalentada e revoltada com Germano de Melo e com os portugueses por este não terem agido perante o ataque dos vátuas. Desorientada deslocou-se perante um amontoado de mortos à procura do seu irmão Dubula que veio posteriormente a confirmar a sua morte.
A mãe de Dubula em consequência do ocorrido ao filho e à sua aldeia decide suicidar-se enforcando-se numa árvore.
O 1º volume desta trilogia termina com a vingança dos locais perante o português Germano de Melo.
Germano de Melo numa situação de fragilidade e perante a revolta dos locais tenta suicidar-se. Iami percebendo o ato irrefletido do governador e sem querer disparou uma bala que ocasionalmente lhe acertou na mão ferindo-o gravemente.. Em consequência da falta de médicos Iami e Bianca uma viajante Italiana que estava a fazer companhia ao Governador e que veio a Moçambique à procura de Mouzinho de Albuquerque, foram de barco à procura do único médico que existia na aldeia que podia salvar Germano Melo.
As últimas páginas do primeiro volume retratam a chegada de Mouzinho de Albuquerque a Moçambique, e mais tarde veio a ter um papel importante no fim do Império de Gaza, factos que suponho vão ser narrados nos próximos dois livros