quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Uma breve reflexão no final do primeiro período.

Chega ao fim mais um dia e quase mais uma semana de trabalho.

Observo que a interrupção letiva do natal se aproxima rapidamente. Sinto-me muito cansado e com muita vontade de abraçar o meu filho e a minha esposa e sentir o aconchego da minha família mais de perto. 

Na passada segunda feira, antes de me fazer à estrada para mais 3h e meia de caminho ficou-me no ouvido as breves palavras do meu filho Duarte:

"Pai não vás, está muita chuva, gosto muito de brincar contigo". Palavras que inevitavelmente nos tocam o coração.

A semana passou e inevitavelmente já não é possível transpor na integra o diálogo naquele final de tarde de segunda feira tive com o meu filho. As viagens são extremamente cansativas, no entanto não consigo abdicar delas. Elas são fundamentais para suavizar um pouco a dureza da  minha semana de trabalho.

Já passaram alguns meses e apesar da passagem do tempo, não consigo sentir o calor e a alegria de estar no meu local de trabalho. A impossibilidade de ver a cara das pessoas e de nos aproximar tornou ainda mais difícil difícil à adaptação e a uma escola profissional fria.

Hoje numa conversa com uma colega na sala de professores disse-lhe que sentia falta exigência e rigor no ensino nesta escola profissional. Aos alunos basta marcarem presença nas aulas ou mesmo que faltem há sempre uma justificação que cola e lhes permite continuar a faltar sempre que quiserem.

Nós professores somos sem dúvida quem trabalha mais na escola.

O que acho mais confrangedor é andarmos atrás dos alunos para eles fazerem as fichas para conseguirem concluir o módulo, quando eles nas aulas não quiseram saber e posso dizer mesmo andaram a gozar connosco. Sem dúvida isto é um ciclo vicioso que os alunos conhecem muito bem.

É interessante perceber que que a minha colega pensa exatamente o que escrevi no dia 14 de Novembro. Nós desaprendemos de ser professores

É gritante a falta de autonomia dos alunos e vontade de ter acesso ao conhecimento.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Yazidis: O genocídio esquecido

No rebuliço dos nossos dias não nos apercebemos ou ignoramos por vezes, o que se passa em determinados países, onde inocentes sofrem as consequências da guerra no seu país. Infelizmente morrem crianças que desde muito cedo deixam as brincadeiras e lutam pela sobrevivência.

É arrepiante ouvir a reportagem de uma jovem equipa de jornalistas que fez um trabalho excelente sobre o Genocídio cometido pelo Daesh sobre a comunidade Yazidis no norte do Iraque. 

Esta comunidade que habitava na localidade de Sinjar  no norte do Iraque. Esta cidade foi completamente destruída e ainda hoje mesmo após a derrota do Daesh continua desabitada. A comunidade  Yazidis não teve a proteção de ninguém  sendo evadidas de surpresa quase sem tempo para fugir. 

Os milhares que conseguiram fugir foram para as montanhas, onde não tinham mantimentos nem água. Morreram bébes e crianças de sede e de fome nas montanhas de Sinjar.

A comunidade Yazidi no Iraque tinha cerca de 1 milhão de habitantes sofreu um rude golpe do Daesh sendo os Homens mortos e enterrados em valas comuns, as mulheres mais jovens separadas das mais velhas torturadas, escravizadas vendidas no mercado do tráfego de pessoas. 

As razões do Daesh são estritamente fundamentalistas e sem qualquer respeito pela diferença. 

Estas pessoas são seres humanos como nós. Têm família e sonhos, no entanto ao contrário de nós têm ambições mais simples como ter uma casa, liberdade e sorrirem, olharem em frente e esquecerem a dor e sofrimento porque passaram.

A Humanidade tem de envergonhar com o que se passou. Devemos evitar que episódios semelhantes se voltem a repetir.

Não me canso de publicitar o excelente trabalho jornalístico. A Comunidade Fumaça deu -nos a conhecer de uma forma dura uma realidade que de outra forma nos passava ao lado.

Obrigado Equipa do Fumaça.

Ouçam esta reportagem de dois episódios.

Episódio 1

Episódio 2


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O pedido do Duarte ao Pai Natal

 O pedido do pai natal este ano do Duarte foi um carro com guincho. Ficou registado em desenho.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Um passeio matinal natalício.

O isolamento profilático chegou ao fim. Para a Cecília está a ser mas difícil do que ela desejava o regresso às rotinas e futuramente ao trabalho.
O regresso do Duarte à casa dos pais depois de ter cumprido quase duas semanas de isolamento em casa dos avós foi misturado com a alegria do Natal e o retorno às brincadeira. O Duarte consegue distinguir perfeitamente os brinquedos da casa dos avós e da casa dele. Durante o isolamento dei aos meus pais alguns brinquedos cá de casa e o  Duarte disse aos avós que não queria, pois esses brinquedos eram para brincar na casa dele.

Este fim de semana depois de um progressivo regresso ao trabalho que aconteceu apenas na quinta e sexta feira tive um tempo para sair com o Duarte e saborear novamente o prazer das brincadeiras e conversas ao ar livre nas ruas de Oliveira do Hospital.

Este sábado de manhã esteve um sol radiante depois da tormenta que foi a sexta feira onde choveu muito na região centro e até nevou cerca de 1 hora em Oliveira do Hospital. Nota-se que a chuva e o  Inverno finalmente chegaram. Gosto do Inverno, de saborear os momento à lareira na companhia da família.

Neste sábado acordámos cedo, ainda antes das 9h. O passeio deste sábado com o Duarte foi um passeio natalício. A mãe antes de sairmos por volta das 10h30 disse-nos para irmos ver os presépios e passear junto ao Largo Ribeiro do Amaral.

Após ter parado para comprar pellets, o combustíveis para alimentar e tornar mais quentes as noites frias de Dezembro o Duarte insistia que queria ir ao parque do Mandanelho. Eu disse-lhe que hoje iriamos fazer uma volta diferente mas devido à insistência da criança estacionei o carro junto do parque do Mandanelho e fomos a pé até ao Largo Ribeiro do Amaral.

Nós evitamos ir para esta zona devido à presença dos baloiços que o Duarte adora e agora infelizmente não os pode frequentar. 

Quando chegámos ao Largo Ribeiro do Amaral olhei para biblioteca municipal e lembrei-me dos tempos em que o Duarte com apenas 2 e 3 anos acabados de fazer ia à biblioteca comigo. Eu deixava-o  circular e desfrutar do espaço lúdico para crianças. O jogo que ele mais gostava era o  Gombby onde ele numa espécie de puzzle em círculo com cores observava as várias fazes do dia através de uma  personagem que ele adorava. De vez em quando pegava em livros, folheava e contava histórias à sua  maneira com base aquilo que via nas imagens. Foi dos primeiros contactos que ele teve contacto com tantos livros ao mesmo tempo e adorou. Outras das brincadeiras que nós fazíamos era com almofadas em forma de cilindro, colocávamos uns em cima dos outros e contruíamos castelos, ou então usávamos as almofadas como se fossem rodas e empurrávamo-los para onde queríamos. Por vezes quando os avós  paternos lá iam ter, aproveitávamos uma grande almofada em a forma de um crocodilo  usada para nos sentarmos no chão, sentávamos lá o Duarte e eu ou meu pai puxávamos. Ele adorava ser transportado sentado em cima da almofada, principalmente quando algum de nós puxava com mais velocidade.

Hoje decidi ir de novo à biblioteca para lhe mostrar os enfeites de Natal e reviver velhos tempos.
Quando entrámos ele dirigiu-se imediatamente para a árvore de Natal e teve um breve diálogo com a senhora da receção que passo a descrever:
Duarte: "A árvore de Natal tem presentes de verdade"
A senhora com um ar de desilusão após ver o ar expressivo da criança e disse-lhe: "não são apenas caixas sem nada lá dentro"
Senhora: "Como te chamas?"
Duarte: "Duarte Sousa"
Senhora: "Que idade tens"
Duarte" Vou fazer quatro anos em Janeiro"
Senhora" Porque viste à biblioteca"
Duarte "Venho cá ver histórias de natal"
Senhora " Toma estes livros de natal, podes ver aqui se quiseres"
O Duarte agradeceu os livros pegou neles e levou-os para a ludoteca 

Quando chegámos à ludoteca eu ainda lhe tentei ler umas histórias mas definitivamente não era altura para isso. O Duarte observou um cenário de madeira contruído para o  natal e foi-se imediatamente sentar no trono do pai natal. Após uns breves instantes contornou o cenário natalício e dirigiu-se para os bastidores, o local onde se preparam as festas de natal. Antes de irmos embora sentou-se num trenó e tocou num bonecos de natal e umas bengalas que estavam junto a um vidro. Nesta idades a curiosidade fá-los ter necessidade de tocar  e mexer nas coisas. O pai por vezes tem que chamar a atenção.

Antes de sairmos da Biblioteca perguntámos se o presépio do Largo Ribeiro do Amaral já estava pronto ao que a senhora disse que sim. Descemos uns metros e quando estávamos a chegar junto do presépio vimos que a porta lateral da igreja matriz estava aberta. O Duarte perguntou-me "podemos entrar pai". Eu respondi-lhe que teria que perguntar primeiro. 

Dirigimo-nos para a Igreja Matriz e após nos darem autorização entrámos.

Foi muito curiosa aquela visita à Igreja, pois entrámos no preciso momento em que estavam a fazer o presépio de natal.
A curiosidade do Duarte é imensa e o à vontade que ele tem para questionar e meter conversa com quem não conhece é surpreendente.

Quando chegámos junto ao presépio  que se encontrava na parte central da igreja no chão por baixo da mesa onde o padre celebra as missa. Eu relembrei-lhe as imagens do presépio que estavam ali representadas José, Maria e os  reis magos. O diálogo que se seguiu entre o nós e as pessoas que lá estavam a trabalhavam foi o seguinte:

Duarte: "Este presépio não tem tantas figuras como o do meu avós"
Eu: "Neste presépio as figuras são maiores que as dos avós e por isso estas são menos. O presépio dos avós tem músicos, lavadeiras, animais...."
Senhora" Mas olha que este presépio também tem animais, procura-os"
O Duarte e eu olhámos lá por trás de José e Maria e de facto lá estavam escondidos o burro e a vaca.
Após uns breves momentos apareceu o padre António que lhe fez mais perguntas 
Padre António " Sabes porque é que o menino jesus ainda não está nas palhinhas deitado"
O Duarte não respondeu
Padre António: " A Maria está grávida e o menino jesus só irá nascer no dia 25 de Dezembro"
Duarte: " Quem o vai ajudar a nascer"
O Senhor Padre com um sorriso no rosto pela pergunta inesperada da criança disse-lhe a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
Padre António "o José dará uma ajuda quando o menino jesus nascer"
O Padre António perguntou-lhe onde estava o Burro e a Vaca, o José e a Maria ao que o Duarte apontou para as figuras de uma forma certeira,
Passado uns minutos o Duarte disse "Pai olha uma borboleta" 
Eu não  discerni de imediato onde ele tinha visto uma borboleta.
Duarte: Ele apontou "pai ali" por cima do presépio.
Após breves minutos eu conclui que ele se estava a referir a um anjo que estava na mesa do padre por cima do presépio. 
Eu respondi-lhe que aquilo não era uma borboleta, mas sim um anjo. Achei deliciosa esta observação.
Felizmente não me perguntou o que era um anjo pois teria novamente de puxar pela imaginação para lhe dar uma resposta.



Após este breve diálogo despedimo-nos das senhoras e dos senhor padre e  fomos ver o presépio do Largo Ribeiro do Amaral que tinha quase todas as figuras do presépio da igreja à exceção  do menino jesus que naquele presépio já tinha nascido. 

Neste passeio matinal ainda fomos ao parque do mandanelho e depois fomos para casa.