sábado, 16 de novembro de 2019

A minha visão da Educação em Portugal.


Na sociedade atual assusta-me a impessoalidade e a falta de respeito que se nutre por quem trabalha. No caso dos docentes há um enorme desrespeito pela profissão, começando no Ministério da Educação e acabando nos alunos.

Tudo começa na exigência do Ministério que nos obriga a cumprir programas muito extensos com poucas horas para os concretizar. Na minha opinião é excessiva a carga horário escolar dos alunos, que em muitos casos ainda têm de cumprir um sem número de horas de explicações em horário extra-curriculares em idades cada vez mais precoces.

O que está a fazer o Ministério da Educação é complicar o que já de si não é simples. A escola tem um papel muito importante para preparar um aluno para a vida, ensinando-lhe dando-lhe algumas ferramentas para que estes enfrentem uma sociedade cada vez mais complexa e menos inclusiva. Os alunos não gostam das aulas, nem lhe dão o devido valor. Eu nesta semana disse aos alunos que o papel da escola não é só ensinar mas também o socializar e conviver com os professor e colegas, pois apenas dessa forma podemos evoluir e crescer como seres humanos.

É com pena que observo que o caminho seguido pelo Ministério da Educação para solucionar a falta de professores nas escolas seja dar poder aos Municípios e permitir que sejam habilitados docentes através da realização de formações de muito curta duração. Caso isso seja verdade e se concretize, temo pela minha profissão e pelo meu emprego. Toda esta contingência  me deixa revoltado por todo o esforço e sacrifício que tenho feito em prol da educação em Portugal seja em vão.

O facilitismo é um problema na educação como na vida. Hoje ser um bom pai ou mãe não é tarefa fácil . Após um dia de trabalho é obrigatório os pais  terem  tempo para acompanhar o seu filho e perceber como correu o seu dia na escola, observar os seus cadernos diários e a caderneta. Esse trabalho inerente à função de pai é muitas vezes descurado, preferindo-se dar liberdade aos filhos acabando por perder o controlo sobre eles no futuro, pedindo em muitos casos ajuda à escola e aos professores. A educação dos filhos não tem qualquer relação com a capacidade financeira das famílias, pois na minha opinião os pais devem ter Amor pelos filhos, perceber  e respeitar a sua função enquanto pais.

O Ministério da Educação veio na pessoa do Ministro da Educação anunciar que até ao nono ano não deve haver retenções, e caso isso aconteça tem de haver  uma boa justificação para essa ocorrência. Não há pessoa que lhe custe mais chumbar um aluno que a um professor. A exigência e o rigor devem começar na escola, pois esta tem um papel muito importante, tanto na preparação dos alunos para o  mercado de trabalho como para a vida. Com estas novas medidas o futuro deve ser mais difícil para os professores e para os alunos que querem realmente aprender, pois os alunos que não querem aprender vão criar obstáculos cada vez com maior gravidade e as formas que os professores têm para se defender são cada vez menores. Costuma-se dizer que se não os consegues vencer junta-te a eles. Sinceramente temo pelos melhores alunos e pelos  professores que sem formas de inverte a situação  enveredem pelo caminho mais fácil, ou seja o que o Ministério da Educação pretende. Entristece-me perceber que há cada vez menos investimentos na Educação e a qualidade do ensino esteja a decrescer. Quem perde, todos os Portugueses.