sexta-feira, 23 de abril de 2010

(Des)União Europeia

No próximo dia 9 de Maio comemorar-se-á mais um dia da Europa. Sou europeísta e agradam-me as soluções federalizantes, pelo que é através desta declaração de intenções que deverá ser lida a reflexão que se segue.
A União Europeia é, talvez, o único projecto político dos dias de hoje que vale realmente a pena. Se outros méritos não tivesse, bastar-me-ia o facto de ter sido a garantia de paz entre os países da Europa Ocidental. Simultanemamente, é um tema interessantíssmo para se estudar e as implicações das decisões europeias têm mais impacto nas nossas vidas do que comummente se pensa.
Apesar de tudo, a UE dá, frequentemente, um triste espectáculo de desunião, mesquinhez e que ainda se guia mais pela balança dos egoísmos nacionais do que por outro qualquer sentido à altura das responsabilidades europeias e dos próprios objectivos confessados em vários documentos. O evoluir desta crise será o mais recente exemplo deste decepcionante «cada um por si» que o monetarismo do BCE e da Alemanha impõe para a manutenção teimosa da rigidez dos PEC's para salvaguardar um EURO que, tal como está, vai interessando cada vez menos aos países do Sul.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cal


Outrora nas minhas leituras de Verão, li “Cal” de José Luís Peixoto que me suscitou interesse e me fez reflectir sobre a sociedade, o envelhecimento da população


No nosso Mundo mais concretamente nos designados países desenvolvidos, onde se inclui naturalmente Portugal o conceito de envelhecimento tem sido cada vez mais referenciado por uma multiplicidade de razões.

Neste livro de crónicas intitulado Cal por José Luís Peixoto, este descreve a rugosidade e o saudosismo de vidas envelhecidas pelo trabalho e pelas dificuldades insurgentes da dureza de outros tempos. Pessoas que envelhecem e sofrem actualmente as incompreensões e injustiças de uma sociedade, de um país que os esquece e não lhes concede o devido valor.

As consequências de tudo isto são diversas e sujeitas a várias interpretações. Presenciamos situações em que a mobilidade está cada vez mais patente, é cada vez mais fácil deslocarmo-nos, mobilizarmos informação entre espaços longínquos em segundos. Actualmente podemos ascender socialmente se trabalharmos ou estudarmos, caminhando-se para um maior bem-estar, qualidade de vida e um consequente aumento da esperança média de vida.

O envelhecimento apresenta-se como o resultado desta evolução social, tecnológica, saúde, educação…

No entanto nem tudo é positivo pois o aumento da riqueza conduziu a desequilíbrios cada vez mais acentuados, promovendo a criação de uma sociedade narcisista que por vezes se esquece dela própria. Observam-se cada vez mais casas vazias, o esquecimento de pessoas que nos são próximas pelo simples facto de já não nos serem úteis. Posso não estar correcto mas sinto que actualmente a palavra solidão ganhou uma outra profundidade.

As pessoas idosas perdem cada vez mais o simbolismo que detinham num passado recente onde havia um outro respeito e atenção pelas pessoas de idade. Não me estou apenas a falar daqueles que são esquecidos em lares ou hospitais, mas também os que são burlados por pessoas sem princípios nem valores morais.

Não há melhor cura para uma doença do que sentirmo-nos a presença de alguém que gostamos próximo de nós.