terça-feira, 16 de novembro de 2021

Entre poesia, prosa e reflexões sobre o ensino

 À medida que vou lendo o livro "Pedra após pedra. A palavra- Diário III" vou conhecendo melhor a experiência do Renato Nunes  por terras açorianas, enquanto Professor e Ser Humano. O Renato deixou fluir a caneta no seu caderno de capa preta e escrevia poesia à noite ao sabor do silêncio e de um heterónimo que ele designou Fernando Alva.

Recordo-me quando o Renato me ofereceu o primeiro volume do seu diário por terras açorianas disse-me  "Tiago lês isso no instante". O Português nunca foi a  minha disciplina preferida na escola e a poesia nunca foi dos conteúdos que gostei mais. 

Nunca vou esquecer as aulas do Secundário onde tive a sorte de ter a professora da Florbela Pires, que infelizmente nos deixou precocemente em consequência de um cancro fulminante. Da Florbela recordo o seu sorriso e alegria de viver. Lembro-me quando Florbela me entregou um teste de Português onde eu obtive a classificação de Bom. Era um teste de poesia, tenho pena de já não saber onde está esse teste, gostava voltar a ler o poema passado mais de 20 anos. Nunca me vou esquecer da frase que ela me disse quando fazia a correção "foste quem melhor percebeu o poema". As minhas memórias da minha adolescência são muito curtas, no entanto esta passagem nunca irei esquecer, provavelmente pela surpresa do comentário e da nota obtida.

Voltando ao Renato Nunes e ao primeiro volume do seu diário, não o li em poucas semanas mas tentei perceber o ele escreveu. Acabei por escrever 3 textos no blogue: 

Pedra após pedra- A palavra Diário I (2012-13) Fernando Alva (I- Educação Especial;

Pedra após pedra- A palavra Diário I (2012-13) Fernando Alva (II- A Família);

Pedra após pedra- A palavra Diário I (2012-13) Fernando Alva (III- Sensibilidade e Humildade).

(...)

Parei um pouco e  li num ápice  o texto do Renato Nunes escrito escrito em Dezembro de 2017 Ódio à escola. Aquando da leitura  recordei as minhas últimas aulas de Geografia numa turma do oitavo ano. Este ano letivo estou a lecionar pela primeira em regime de semestralidade e comecei a lecionar Geografia no segundo terço do programa do sétimo ano que não tinha sido acabado no ano letivo transato. A turma é muito barulhenta, heterogénea e com cerca de 27 alunos. Optei pela estratégia de os colocar a escrever, visto que eles não terem manual do 7º ano, e a realizar fichas em simultâneo. As estratégias acabaram por surtir efeito no entanto no entanto senti a pressão de ainda ter o livro do oitavo ano para lecionar e as aulas terminariam cerca 40 tempos depois. Os conteúdos do oitavo são imensos e não há tempo para os conseguir lecionar de forma calma. Atualmente vou com cerca de 12 tempos nos conteúdos do oitavo ano e apercebo-me das  dificuldades que os alunos estão a ter para conseguir acompanhar o ritmo. Na aula do dia 11 de Novembro fiz uma questão que pensava que grande parte da turma sabia responder, e qual não é o meu espanto quando observo o silêncio total na sala e apenas alunos a dizer que não sabiam, caiu-me a ficha.

 A pressa é inimiga da perfeição. Eu à semelhança do professor do 1º ciclo do texto Ódio à Escola estou a correr contra o tempo, tenho uma turma enorme à frente e sinto frustração por saber que a mensagem não está a passar aos meus alunos. Não há maior revolta e tristeza para um professor quando percebe que não consegui transmitir a mensagem.


sábado, 13 de novembro de 2021

Inquietações (Clube de discussão do Fumaça)


Texto de Maria Almeida do Fumaça a apresentar mais uma conversa do inquietações no dia 10 de Novembro de 2021.

"Olá. 

Hoje é dia de Inquietações, o clube de discussão da Comunidade Fumaça. 

"Vamos Comprar um Poeta" de Afonso Cruz vai ser o ponto de partida de uma conversa sobre a arte e o seu propósito, o capitalismo e o materialismo.

Este pequeno livro transporta-nos para uma sociedade imaginada onde cada pessoa tem um número em vez de um nome, os alimentos são medidos com total exatidão e os afetos contabilizados ao grama. Neste universo, as famílias não têm animais de estimação, têm artistas. E é assim que os protagonistas acabam a comprar um poeta e levá-lo para casa."


Nesta fase do ano letivo a argúcia para resolver problemas não é a mesma do inicio do ano letivo. Quando tenho mais  responsabilidades por vezes sinto que não consigo chegar a todo o lado. 

Conversar num ambiente de tertúlia sobre temas que eu me revejo ajudou-me a desbloquear e a preparar com mais calma o dia seguinte. Participar numa conversa do Fumaça para mim foi uma vitória como foi ter conseguido gerir a minha reunião enquanto diretor de turma. Pequenas vitórias que fazem crescer enquanto pessoa.

Convido-vos a comprar o livro, após a sua leitura vão observar o vosso dia a dia de uma outra forma.