O Duarte dorme.
O resultados dos testes finalmente chegaram e os nossos receios infelizmente confirmaram-se. Na Cecília o vírus foi detetável e no meu caso não foi detetável.
O Duarte foi fazer o teste esta manhã às 11h. Acordou perto das 10horas e quando o acordámos e suavizamos ao máximo o momento. Dissemos-lhe que ia fazer o teste para confirmar que ele já era crescido e perceber a sua enorme valentia. Ele foi todo contente e na curta viagem fez inúmeras perguntas que eu tentei dentro do possível responder. A sua curiosidade é imensa.
Quando chegámos ao laboratório observámos uma fila com cerca de 7 pessoas, perguntámos quem era o último da fila e um dos presentes questiono-nos como se chamava a criança que ia fazer teste, eu respondi e o senhor respondeu simpaticamente que podia passar à frente pois já o tinham chamado. Nós avançámos na fila e esperámos pela nossa vez. Esperámos uns breves minutos e nesses minutos o Duarte observou o Laboratório e disse bom dia à senhora que o estava a atender com um sorriso no rosto escondido pela máscara. O Duarte usa a máscara com uma naturalidade invulgar.
O Duarte foi desde o início incentivado para a necessidade de usar máscara pelo pais e aceitou com grande naturalidade. No passado dia 14 de Novembro tive de fazer umas compras rápidas e levei-o comigo. Ele ficou radiante pois vê muita gente e muita variedade de produtos. A primeira coisa que ele pede é para o colocar dentro do carro. Eu como estava com pressa e eram poucas compras tentei agilizar ao máximo as compras e ir direto ao essencial. As perguntas eram imensas e admito que não conseguia dar resposta a todas. Lembro-me que fiquei uns minutos no pão e o Duarte perguntou-me se era bom dia ou boa tarde, eu disse que era bom dia e ele disse bom dia a um senhor que estava a comprar pão e este sorriu ao perceber à alegria da criança e retorquiu a saudação.
Nesta fase o uso de máscara mesmo para uma criança de 3 anos é algo para nós obrigatório em recintos públicos fechados. No laboratório quando entrámos na sala a senhora pediu-me para se sentar com ele na marquesa e eu disse-lhe para ele abraçar o Juba o seu ursinho inseparável. A senhora perguntou-lhe quantos anos tinha e ele disse que ia fazer 4, curioso não disse que tinha 3.
Sobre o teste posso dizer que o teste inicial na boca fê-lo sem dificuldade, o mais difícil foi o teste realizado nas narinas onde ele fez uma cara muito feia e as lágrimas insistiram em sair pontualmente da sua cara, mas ele resistiu e rapidamente as breves lágrimas se transformar num olhar de vitória por ter conseguido ultrapassar o teste. Afinal a sua mãe tinha-lhe dito que tinha uma surpresa quando chegasse a casa.
Ele quando chegou a casa falou da experiência à mãe e esta deu-lhe mais umas compras em miniatura que uma colega da sua escola lhe tinha dado. Ele ficou muito contente e radiante com mais aquele presente.
A Cecília continua no quarto com febre, vómitos, dores de cabeça, com falta de apetite e força.
Há poucos minutos tivemos uma sensação assustadora. Não encontro outro adjetivo para descrever o que sentimos quando vimos o senhor agente da GNR tocar à campainha para nos dar as declarações do isolamento profilático e observar os vizinhos com um ara assustado.
O importante é que a Cecília recupere. Irei dar o meu melhor.