domingo, 31 de julho de 2011

Recomendo

Perdoem-me novamente a pretensão de recomendar leituras mas esta vem mesmo a calhar. Por razões que, de tão óbvias, dispensam grandes aprofundamentos. E, claro, o gabarito deste grande historiador falecido em 2010 abre as portas a muitos cépticos, exceptuando aos que pugnam por um mundo baseado na indecência do darwinismo social e do survival of the fitest.

Recordações de Ourique

Admito a minha nostalgia! Por mais duro que tenha sido o degrau a ultrapassar, há sempre marcas e lembranças que nos ficam. Tive pena de apesar de me ter lembrado vastas vezes, nunca me ter dado para tirar foto à placa com a indicação “Albufeira 75km”. Pode parecer estúpido ou ilógico lembrar-me de um pormenor que para o comum dos mortais não teria qualquer importância. As mais vulgares lembranças seriam as possíveis fotos das actividades realizadas pela escola ou das jantaradas celebradas em períodos pontuais utilizados para comemorar uma data ou festividade específica. Recordo-me do ano lectivo e consequentemente dos bons momentos passados, no entanto dou mais relevâncias ao contacto com as gentes locais, a percepção das suas especificidades. A placa “Albufeira 75Km” observada mal cheguei a Ourique teve o simbolismo de me lembrar da distância ao Algarve, mas também perceber a distância de casa. 

De Ourique recordo o Alentejo, os costumes e afabilidade das gentes que me souberam receber.

Com tristeza  observei  o esquecimento da História de uma outrora  marcante localidade, que em consequência da sua localização geográfica foi um marco importante da independência do país. A localização do castelo sobreviveu às diabruras do tempo, sendo as suas muralhas substituídas por uma estrutura em cimento, que serve um miradouro fantástico onde se observa o confluir da peneplanície alentejana com a serra de Monchique a sul e a serra do Cercal a sudoeste. Um local aprazível para ajudar a passar os tempos mortos e recarregar baterias.

Durante a minha estadia no Alentejo procurei conhecer a cultura local. Visitei  Castro Verde,Santiago do Cacém, Mértola entre outras localidades. Pude compartilhar a presença de um património histórico muito rico onde a presença árabe se cruzou com a romana. É pena que infelizmente haja um desmazelo, não sendo  o património devidamente sinalizado e preservado.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Le tour de France

No passado fim de semana terminou a maior montra do ciclismo Mundial, “Tour de France”. Ao longo da minha juventude fui aliciado através do meu pai a observar esta corrida, debruçando-me sobre a televisão apesar de não poder compartilhar a presença de um português a lutar pela vitória. É fascinante observar aquelas paisagens sempre verdejantes, aquelas aldeias pitorescas perfeitamente integradas nas paisagens magnificas que envolvem a singularidade de cada uma das etapas. O esforço físico e a luta sentida em cada um dos atleta, dignifica um desporto que percorrido ao segundo, tornam a beleza das altas montanhas numa perspectiva tenebrosa e árdua.
Mesmo apesar de já há longos anos não ver portugueses a discutir os primeiros lugares da volta a França, a última vez foi José Azevedo em 2002, foi bom para o ego, ver um português discutir e ganhar uma etapa da tão afamada prova. Aconteceu com Rui Costa na oitava etapa, que juntou o seu nome a Acácio da Silva, Joaquim Agostinho, Paulo Ferreira, Sérgio Paulino.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Educação em Portugal e na Finlândia

Em tempo de férias a classe docente aguarda diariamente o desfecho de algumas decisões que poderão ser tomadas para o próximo ano lectivo. Após 3 anos no ensino apercebo-me com tristeza do excesso de burocracia que existe no exercício da profissão, que nos retira tempo e discernimento mental para o exercício das nossas funções. Na minha opinião quantidade não significa qualidade e o ensino em Portugal no futuro tem de se pautar mais pelo rigor, valorizando mais o conhecimento, reduzindo o facilitismo dando mais poder e reconhecimento aos professores. A autonomia e "privatização" das escolas públicas, a redução da importância do concurso nacional de professores, dando o poder às escolas e autarquias de seleccionar o seu corpo docente  é o caminho que o novo governo pretende seguir. Há o risco dos jogos de interesses e da falta de transparência como acontece hoje na nomeação de cargos para determinados sectores públicos.

Deixo aqui uma crónica que saiu no público ontem sobre o modelo Educativo na Finlândia. Nenhum modelo é perfeito, no entanto compreendo que é importante analisar outras propostas caso queiramos verdadeiramente melhorar a Educação em Portugal.


sábado, 23 de julho de 2011

À Rasca – Retrato De Uma Geração

Antes de abordar o livro que intitula este post, deixo um texto de Mia Couto sobre a designada Geração à Rasca.

A minha paixão por saber e conhecer melhor o século XX, perceber as mutações que se geram diaramente no nosso Mundo leva-me a ter curiosidade de ler o livro "À rasca o retrato de uma geração". A curiosidade advém do conhecimento das qualidades literárias da autora, uma oliveirense (Oliveira do Hospital) que se licenciou  em  2010, em Ciências da Comunicação, vertente jornalismo, pela Universidade Nova de Lisboa.

Citando o correio da Beira Serra "O mérito da jovem escritora de Oliveira do Hospital já, anteriormente, foi alvo de distinção por parte da Universidade que a licenciou. Ana Pinto foi considerada a melhor aluna do seu curso e, o bom resultado, valeu-lhe a conquista da Bolsa de Mérito e Excelência.

Fica aqui o mote para um livro que promete dar que falar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Bastilha

Hoje é 14 de Julho!

domingo, 10 de julho de 2011

A importância de perceber a evolução dos tempos


Como já foi algumas vezes referido neste blogue, a geração mais nova apercebendo-se da facilidade de aceder ao saber através da internet, tem progressivamente vindo a desvalorizar o que é transmitido pela escola ou através dos livros. A "ditadura do digital", referida pelo Renato Nunes, é algo que deve ser aproveitado de um modo benéfico, no entanto o que se observa em muitas é que com mecanização dos processos inerentes à introdução da informática, perde-se um pouco a essência e o entusiasmo da descoberta por ser algo novo.
O incentivo à critica e ao uso de ideias pensadas, discutidas e convenientemente formuladas é algo que deve ser tido em conta na escola, em casa e na sociedade em que estamos inseridos. 












sexta-feira, 8 de julho de 2011

Para sair da crise

 Na pesquisa que eu realizei para procurar os conteúdos digitais do jornal  Público, por engano fui calhar ao dia 8 de Abril de 2011 onde me deparei com esta crónica de Boaventura de Sousa Santos que apesar de ter 3 meses, época em que Portugal se preparava para pedir ajuda externa e o governo estava preste a cair. Apesar da distância temporal pode-se perfeitamente adaptar às contingências actuais.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Privatização da RTP

Apesar da grande quantidade de informação que nos é transmitida diariamente através da televisão, sendo hoje em dia generalizada a ideia da Tv por cabo, como algo que muitos portugueses já não dispensam, de acordo com várias teorias amplamente divulgadas: ”Os quatro canais não oferecem a diversidade desejada”.
 Querendo transpor uma ideia de um post transcrito por Cristina Carvalho hoje no blogue De rerum natura “café às cores”, em muitos casos os portugueses são aliciados pelas cores, pelo exterior, o status social e qualidade de vida que emprega a posse de um infindável número de canais televisivos. Não quero com isto censurar, pretendo apenas alertar para um problema que está em vias de acontecer, a privatização da RTP.
 No exercício da minha profissão de professor, vi-me privado dos designados canais por cabo que compartilhava na minha residência habitual, tendo a sorte de felizmente poder ter os dois canais públicos a RTP 1 e 2.
É com tristeza que eu antevejo o fim dos designados canais públicos, não só por acreditar que são uma mais valia e não um fardo como se faz querer, mas porque também nesta fase não existirão provavelmente muitos compradores e os preços serão necessariamente baixos. Na minha opinião estão a vender-se activos que nos poderão ser muito úteis no futuro.
A existência de canais públicos indica-nos a não emergência do lucro, elaborando-se por isso programas que não têm unicamente como objectivo as audiências, mas a qualidade e públicos mais restritos. É isso que acontece com a RTP2 onde é possível observar um programa de hora e meia sobre o cultura “Câmara Clara”, o “Sociedade Civil” que aborda a problemática da cidadania activa e por exemplo o noticiário sobre política externa “Olhar o Mundo”. Na RTP1 o muito afamado  “Prós e contras” que promove o debate e a troca de ideias, ou seja faz serviço público durante várias horas.
Exceptuando o Prós e contras são tudo programas que têm poucas audiências, mas que são uma tremenda mais valia para quem tem apenas os designados 4 canais, assim como para o país pois dá-se uma palavra ao cidadão que de outra forma não aconteceria.
Com a privatização da RTP temo que todos estes programas se extingam e o direito à cidadania esteja desta forma cada vez mais restrito e limitado.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Temos governo

A leitura do post do Tiago inspirou-me não para um comentário mas para uma nova entrada.

Não há nada neste governo que me deixe descansado e o passar dos dias (que farão as semanas e os meses...) só confirma as razões da inquietação. Os problemas do país estão identifcados, não é um problema de desconhecimento e não há possibilidade, a menos que sejamos muito ingénuos, de as abordagens para uma hipotética (cada vez menos real) solução ou mitigação dos problemas, ser meramente técnica e não trazer consigo um projecto social. Entendamo-nos: o discurso científico não é monista e, como tal, o discurso sobre os assuntos da polis também o não pode ser. É epistemologia básica. Os media, na sua estupidez ou no seu discurso formatado, referem expressões como «os economistas defendem, afirmam...». Que economistas? Quem são, todos? A resposta, embora desnecessária, é óbvia: os economistas não pensam todos da mesma forma porque a economia enquanto ciência social é um discurso construído sobre uma certa parcela da realidade não é imutável nem neutra. E, mais do que uma ciência pura, desprovida de preconceitos, é uma economia política . Se o discurso da economia fosse unívoco e infalível estaríamos mais na base do dogma teológico e não do conhecimento humano. E como as decisões sobre o social implicam consequências, importa ver quais são as opções: são elas que denunciam ao que viemos e o que pretendemos.



E o que este governo quer é simples: operar uma tranformação radical, eliminando qualquer coisa que lhe possa cheirar a social democracia (não vou sequer perder tempo a explicar que o PSD não é social democrata mas sim um partido da chamada nova direita ou não estaria no grupo parlamentar do PPEuropeu em Bruxelas, só por exemplo) e que o seu discurso social não invalida nada do que aqui se diz, pelo contrário, vai no mesmo sentido.

A intervenção social que o PSD e o CDS defendem é o da caridadezinha, ou seja, remeter os direitos sociais (saúde, pensões, educação) para a esfera da esmola e da pretensa boa vontade dos endinheirados que através de fundações, vouchers, fundos e bolsas diversas premeiam os «bem-comportados» que sabem o seu lugar e se «esforçam». Supostamente, a demissão social do Estado pouparia dinheiro e traria mais resultados. Está aí o exemplo dos EUA para mostrar que não: na saúde, por exemplo, não só os gastos são exorbitantes com um sistema privado como deixam uma parcela imensa da população afastada de quaisquer cuidados de saúde. Ainda há pouco um artigo de Krugman no i abordava esta questão.

Quanto às preocupações com o interior despovoado, a produção nacional, e outras coisas absolutamente vitais mas tornadas «fofinhas» em discursos ocos de Cavaco, que se pode dizer? Cavaco, um dos iniciadores do desmantelamento das pescas e da agricultura num processo de integração dependente na CEE/UE tem de ter muita lata para agora cobrar isto num estilo, «eu bem avisei» e vir professoral e paternalmente dirigir-se ao seu séquito de rapazes mal-comportados, os tugas!

E sobre isto que pode um governo de fundamentalista do «laissez faire» fazer ou, melhor, «não fazer»? Como pode querer defender a economia nacional com as privatização dos últimos sectores estratégicos, entregando-os baratinhos ao capital estrangeiro (ah, o capital não tem pátria!) Velhas perguntas com velhas respostas!


Só o afã liberal deste governo é novidade. Tudo o resto é disco estragado: o discurso da responsabilidade, do interesse nacional, as promessas (quebradas a cada hora), a incoerência dos discursos com as práticas. É a continuação da degradação da democracia, do assalto ao Estado pelos grupos económicos e financeiros parasitários, agora talvez com mais rapidez e entusiasmo ministerial.