terça-feira, 17 de maio de 2016

Serra da Estrela um espaço que ambiciona chegar a Geoparque

Portugal é um território que apresenta uma enorme diversidade de paisagens, que de acordo com as suas especificidades, poderão usufruir de valências para as geociências que é necessário ter em conta. Em Portugal além dos 4 Geoparque já referenciados pela UNESCO existe na Serra da Estrela um projeto para a candidatura daquele espaço a Geoparque. O projeto foi intitulado por “Aspering Geopark Estrela”. Este Geoparque que alberga a área de 9 concelhos e caracteriza-se pela existência de uma grande diversidade geológica, sendo o granito a rocha predominante, subsistindo também xistos grauvaques. No que concerne à geomorfologia esta é uma área com uma enorme riqueza, estando essencialmente associada a vestígios de cariz glaciar.
As principais geoformas glaciares da Serra da Estrela têm várias designações: formas erosivas se nos estivermos a referir a circos ou vales glaciários e formas de acumulação, como por exemplo moreias e blocos erráticos.
Os vestígios glaciares da Serra da Estrela representam de forma muito clara os limites da área glaciar, as moreias, são detritos que estão na origem da passagem do glaciar, enquanto que os lagos se destacam  por serem locais, onde é possível visualizar através de estrias o percurso seguido pelo glaciar. Os glaciares têm uma grande importância, pois as diversas línguas através do enorme poder do gelo como agente erosivo, modelam a paisagem e permitem observar formas de relevo únicas e com um grande interesse estético e paisagístico.
O reconhecimento dos locais com interesse geomorfológico de cariz glaciar e periglaciar incidiu naqueles que pela sua dimensão e fácil interpretação mereceram ser distinguidos.
Dos 10 geossítios da Serra da Estrela, destaco 3 que pela sua importância para as geociências foram inventariados no âmbito, do património geológico de relevância nacional: O vale glaciar do rio Zêzere refere-se ao melhor exemplo de um vale em forma de U de Portugal, inclui ainda vários depósitos glaciários e fluvioglaciários, os covões (Ametade e Albergaria) e os vales suspensos (covões e candieira); a lagoa comprida corresponde a um dos mais importantes campos de blocos erráticos de toda a Serra da Estrela; assim como permite a visualização de estrias e polimentos que indicam o percurso seguido pelo glaciar; a pedrice corresponde a uma elevada concentração numa área coberta por macroclastos graníticos, sendo considerado o melhor exemplo de processos de gelifração.
A designação como geossítios de 10 locais da Serra da Estrela, será benéfico para as populações, pois promove-se uma estratégia baseada no geoturismo que proporciona o bem-estar mantendo o máximo respeito pelo meio ambiente. A futura criação de um geoparque na Serra da Estrela, assegura o desenvolvimento social, económico, cultural sustentável, assegura a realização de parcerias, estimula a investigação nos territórios e contribuir ativamente para a existência de iniciativas conjuntas (publicações, troca de informações, realização de conferências, projetos comuns, etc.).
Caso seja criado o geoparque na Serra da Estrela, ocorrem a criação de vários projetos ou iniciativas locais, tais como a realização de ações de formação para que as pessoas possam compreender melhor as mais valias do território onde habitam. O queijo Serra da Estrela, um símbolo da região, poderá ver na criação do geoparque um sinal de crescimento, ao qual se poderão juntar outras ideias inovadoras que promovam os produtos da região

As sinergias espaciais devem ser frequentes devendo toda a população sentir parte de um projeto que é de todos. Além das atividades económicas locais, neste processo de divulgação e promoção é necessário incluir as escolas e as empresas de desporto aventura que poderão ver na melhor divulgação deste espaço o mote para que a população mais jovem se ligue aos ideais do desenvolvimento sustentável, transmitindo-o aos seus familiares e conhecidos.