sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Divagações arbitrárias no culminar de 2011

Com o  ano a terminar são inevitáveis as memórias deste final de ano onde a palavra esperança se foi perdendo, à medida que as medidas de austeridade foram crescendo.
Lembro-me, com saudade, das bondosas palavras do povo alentejano e todos os bons momentos passados a exercer a minha actividade profissional. Aprendi muito este ano e apesar de tudo não posso deixar de o realçar.
No entanto arrepiam-me todas estas mudanças drásticas e brutais sentidas na pele pelo comum cidadão, que, com o suor do seu trabalho, se esmera por uma merecida retribuição ao fim do mês. Infelizmente esse prémio mensal penaliza cada vez mais o humilde trabalhador através de sucessivos cortes nos salários, ou mesmo,  no incumprimento dos patrões nas suas obrigações, aumentando em catadupa os casos de salários em atraso ou os lay off.
Apercebo-me, com um sentimento de frustração e inconformismo, daqueles que se vangloriam por terem conseguido enganar o Estado, fugindo aos impostos. Irrita-me as pessoas fazerem de mim burro simplesmente porque não me passa pela cabeça o não cumprimento da lei.
A idade deixou de ser um posto e ao mínimo deslize temos o nosso posto de trabalho em risco. Se tivermos em conta que o deslize pode ser apenas não concordar com uma opinião influente, pergunto será tudo isto democracia.
As leis mudam a um ritmo frenético. Ontem fui com a minha irmã a uma superfície comercial e ela tencionava comprar o código de trabalho, o que eu achei positivo. No entanto aquando da sua tomada de decisão  interrogou-se, sobre se deveria ou não comprar, pois o mesmo era de 2011 e estando a chegar a 2012 as regras do jogo poderiam mudar e já não seria vantajoso comprar o dito livro. Não comprou!!!
A rapidez das mudanças assusta-me, muito mesmo. Arrepia-me saber que os direitos adquiridos dos trabalhadores estão, progressivamente, a ser perdidos, em detrimento de políticas económicas dúbias e pouco transparentes.A política neoliberal do governo imprimida pela troika está a afundar o país tornando-o menos competitivo economicamente com uma consequente perda da sua soberania.

Numa fase onde as notícias não são as melhores salienta-se, pela positiva o crescimento do blogue no respeitante ao número, qualidade dos textos produzidos assim como no número de visitas.  No final de 2011 não podia deixar de realçar o trabalho desenvolvido pelos responsáveis dos textos transcritos salientando,  merecidamente, o Sérgio, pois sem a sua presença nada do que foi construído seria possível.

Para 2012 aguardo que seja tão bom ou melhor que 2011, que me traga trabalho e saúde para mim e para as pessoas que me estão próximas.

Feliz 2012 para todos!!!

2 comentários:

Sérgio disse...

Um testemunho pungente, Tiago, que subscrevo na íntegra. Vivemos tempos de transformação radical rumo ao passado e a uma democracia absolutamente diminuída. E não é o facto de ter sido agora colocado que me faz esquecer as angústias terríveis que me atormentaram e me preocupam para o futuro. Porque nestes circunstâncias há que ter em conta que isto é só um adiamento do inevitável.
Espero que possas, juntamente com aquelas pessoas que nos importam, arranjar trabalho.

Quanto ao blog, agradeço as tuas simpáticas palavras mas sabes bem que é um projecto colectivo e não temos de escrever ao mesmo ritmo.

Abraço e bom ano!

Tiago Sousa disse...

Nas condições em que vivemos,por vezes é difícil evitarmos pensamentos confirmistas, pois as agruras destas políticas e contingências económicas e sociais assim o originam.

É preciso lutar e reagir para que 2012 seja melhor ou pelo menos não tão mau como muita gente o decreve. Ter em mente que é nas adversidades que buscamos o caminho para o sucesso.

Sérgio Força em mais esta etapa da tua vida.

Abraço e Bom ano!!