segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Arroto de Natal

O tipo arrotou. E houve quem se tivesse dado ao trabalho de ouvir. Ainda bem: escreveram isto. E isto.

Textos sugeridos por Sérgio Vieira.

Mensagem do Coveiro aos tontos.

Explicando o que quer dizer com democratização da economia, o primeiro-ministro utilizou a mensagem de Natal para afirmar que quer “colocar as pessoas, as pessoas comuns com as suas actividades, com os seus projectos, com os seus sonhos, no centro da transformação do país”. E “que o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na protecção do conforto económico”. Traduzindo a treta de Natal por miúdos, a “democratização da economia” de Passos Coelho é a concretização do sonho de fazer de cada português um precário sem direito a protecção no desemprego, de nos pôr a trabalhar mais de um mês à borla e subtrair-nos mais de dois salários por ano, de aumentar os impostos e os preços de serviços públicos essenciais como nunca ninguém aumentou, não se importar que isso traga atrás de si encerramentos de empresas em barda, uma aceleração record do desemprego e um recuo histórico do PIB, de vender empresas públicas ao desbarato e pôr-nos a pagar uma renda a quem as compre durante as próximas gerações, desmantelar os nossos serviços públicos para abrir negócios aos privados e, democracia das democracias, manter as grandes fortunas e o sector financeiro à margem de qualquer sacrifício, ao mesmo tempo que insulta quem sacrifica dizendo-nos para nos irmos embora do país e lembrando-nos que vivemos acima das possibilidades de uma riqueza que nunca provámos. Prefiro não escrever mais nada. Sinto-me insultado sempre que este tipo abre aquela boca.

Actualização: na meia hora a seguir a escrever este post, no facebook, recebi mais dois pedidos na aplicação Castle Ville e um noutra palermice do género. Afinal, deve estar tudo bem.

Texto retirado do blogue O país do Burro em 25 de Dezembro de 2011


PROLETARIZAÇÃO, PERDÃO, DEMOCRATIZAÇÃO DA ECONOMIA

O Primeiro-ministro enfatizou duas ideias na comunicação natalícia e de ano novo, 2012 será um ano de mudança e de “democratização da economia”.

Relativamente à mudança não restarão grandes dúvidas face ao que já conhecemos e ao que se espera conhecer. Os aumentos já decididos em vários serviços e bens, os cortes nos apoios sociais envolvendo diferentes áreas, o aumento de impostos, etc., etc., mostram com de facto 2012 vai ser um ano de mudança, na linha, aliás, do muito que na vida de muitas pessoas já aconteceu, cito, só como exemplo, o aumento já verificado e ainda previsto no número de desempregados.

Por outro lado e relativamente à “democratização da economia”, a perspectiva, até de acordo com gente insuspeita, creio podermos esperar é mais provavelmente uma via de proletarização da economia, aliás, o próprio Primeiro-ministro já enunciou que o caminho é o empobrecimento.

Aumento da carga horária sem alteração de vencimento, corte de dois vencimentos em toda a administração e nas pensões e reformas, flexibilização do emprego, abaixamento do tempo e montante dos subsídios de desemprego, entre outras medidas anunciadas ou previstas que assentam, sobretudo no abaixamento dos custos do trabalho como forma de financiar a economia, ao abrigo da incontornável competitividade, conduzirão, é reconhecido pelo próprio governo, a uma fase recessiva grave que não se percebe com sustentará uma “democratização da democracia”.

Provavelmente, ”democratização da economia” quererá dizer que o acesso à pobreza e às dificuldades é mais equitativo, ou seja, franjas como a chamada “classe média” podem agora aceder à pobreza em situações de maior democratização.

A pobreza já não é uma condição só acessível a alguns, agora e em 2012 muitos de nós já vamos poder ser pobres.

Gostava de estar errado.


Texto escrito por Zé Morgado no Blogue Atenta Inquietude. no dia 25 de Dezembro.

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