quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

As mudanças no Sistema de Ensino Português























Após a leitura do post do Sérgio suscitou-me interesse falar um pouco sobre as mudanças que ocorreram no sistema de ensino em Portugal nas últimas décadas.

Há uns dias tive conhecimento de um projecto que me instigou à reflexão sobre a evolução dos tempos, das vivências da nossa juventude durante as últimas décadas.

A nossa sociedade tem evoluído a um ritmo diabólico, não só a nível tecnológico, como a nível social e económico. No post “O Nosso Mundo” abordei as diferenças que subsistem, de um modo cada vez mais evidente, entre divergentes pólos de desenvolvimento Mundial.

Neste caso vou precisar um pouco mais a realidade portuguesa reflectindo sobre as sinergias existentes entre as vertentes económica e social do nosso país que se induz indubitavelmente no nosso sistema de ensino.

O projecto anteriormente citado aborda as dificuldades que o corpo docente sente em controlar a irrequietude dos discentes que se denota de um modo cada vez mais constante e persistente em comportamentos de indisciplina e falta de educação.

As principais causas para tal ocorrência, induzidas com total clareza no considerado projecto, referem a falta de tempo das famílias para promover a educação dos seus educandos, a tecnologia designadamente as consolas, os telemóveis e os computadores que impelem a majoração dos comportamentos sedentários, agressivos e por vezes autoritários dos alunos.

Na sociedade em que vivemos onde o egocentrismo subsiste derivado de uma sociedade onde reina a lei do mais forte, torna-se cada vez mais difícil aos encarregados de educação despenderem tempo para dedicar aos seus filhos, estando por isso essa tarefa cada vez mais destinada à escola e aos professores. No entanto, é importante não esquecer que uma coisa não pode substituir a outra, embora por vezes se possa fazer crer.

Voltando ao projecto e reflectindo sobre as soluções enunciadas para a resolução de todos estes problemas, estas baseiam-se no estimular dos discentes através de actividades lúdicas e de um cariz didáctico, mais activo e dinâmico que propicie a aquisição de competências mais diversificadas e enriquecedoras.

Considero esta ideia muito interessante, pois com o passar dos anos e, em consequência do cada vez mais fácil e acessível acesso à informação, sente-se que a escola tem vindo ao longo dos anos a perder a influência que detinha no passado, onde o professor era visto como pessoa que merecia respeito, detentor de um saber que dificilmente era adquirido noutro local.

Através da liberalização da educação e informação a toda população portuguesa, que considero salutar e benéfico para a sociedade, mas também para o nosso tecido económico que precisa de pessoas capazes de lidar com situações cada vez mais diversas e complexas. No entanto, há também o reverso da moeda que foi a diversificação das aprendizagens e do designado “validar de competências” que conduziu ao desmazelo da educação e à perda de qualidade do ensino em Portugal.

É contra esta ordem de ideias que eu como professor quero e vou lutar através dos meios estiverem ao meu alcance, de modo a conceder mais credibilidade e qualidade ao nosso ensino, pois considero que apenas um ensino com qualidade propicia o surgimento de cidadãos mais conscientes e capazes de enfrentar um mercado de trabalho exigente e uma sociedade cada vez mais competitiva.

2 comentários:

Sérgio disse...

Tens toda a razão, Tiago. O problema é complexo e real. A deterioração da qualidade das aprendizagens assume muitas máscaras e é de difícil resolução. Creio que demasiada gente espera da escola uma função social meramente lúdica e de guarda das criancinhas entre as 8h e as 18h. Por outro lado, os professores contribuíram decisivamente para a erosão da sua imagem, aceitando bem demais as suas (novas) funções de diligentes burocratas e apoiando, quando não incentivando, festinhas sem nenhum interesse dinamizador dos saberes e das aprendizagens. É que preparar aulas e estudar é uma maçada...

Anónimo disse...

Em geito de comentário ao comentário - pensar é que é uma maçada.

B.