quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Memórias da minha vida profissional

Ser professor com gosto é algo fantástico!  Eu dedico-me imenso àquilo que faço quando sinto que sou útil e contribuiu para o meu crescimento profissional. Sabe bem passado vários anos os alunos não terem vergonha de virem ter connosco e cumprimentarem-nos com respeito e admiração.

Lembro-me quando estive em Sabóia- Odemira (2009/10) a minha colega de História com uma simpatia e simplicidade singulares me disse "ser professor é duro mas quando as coisas correm bem é tão bom".  Apesar de já não me lembrar  do nome dela ainda recordo-me das suas feições e da paixão que ela tinha em ser professora. Tinha imenso respeito por ela e adorei trabalhar com ela.

A minha fase inicial de carreira foi muito difícil, definitivamente não estava preparado para desempenhar tais funções. 

Lembro-me de dois episódios positivos que aconteceram no início da minha carreira docente:

O primeiro aconteceu em Rio Maior (2010/11) após 2 anos a dar aulas a alunos do 3º ciclo e secundário que não ligavam nenhuma à minhas aulas. Nesse ano em Rio maior dei aulas à noite a turmas de adultos e  recordo-me que numa aula que me correu particularmente bem ter dito  aos formandos no final. "obrigado". Sabe bem quando estão atentamente a olhar para nós a ouvir-nos com gosto. Não estava habituado a isso e como nunca tinha tido essa sensação a expressão veio do coração e foi espontânea.

O segundo episódio aconteceu no início da segunda década do século XXI onde estive alguns meses desempregado e as aulas como professor de ténis mantiveram a minha cabeça ocupada. Foi uma experiência muito boa pois dessa forma senti que estava mais preparado para entrar no mercado de trabalho. Na altura Portugal vivia uma situação de crise económica e havia muito desemprego docente. Concorri a um colégio sem esperança de lá ficar pois nessa altura entrar num colégio só mesmo com contactos terceiros. Após a entrevista no regresso a casa lembro-me perfeitamente que parei em Coimbra para comer qualquer coisa quando me ligaram a dizer que tinha sido selecionado. Lembro-me que fiquei muito contente e recordo-me perfeitamente, quando após me terem dado a notícia inesperada eu ter dito prolongadamente obrigaaaadoooo.

Aquele mês que passei no Colégio Rainha Dona Leonor nas Caldas da Rainha no ano letivo 2011/12 foi muito duro, trabalhei muito e  ainda hoje me recordo do dia da apresentação e o principalmente do dia da despedida  onde a diretora, uma engenheira com formação na área da gestão me disse " já vai embora", "nota-se que gosta de ensinar". São expressões que nos enchem o ego e vamos buscar quando estamos menos bem.

A partir daí consegui contactos com colégio privados onde andei até final de 2012, e devido à má experiência acabei por deixar de vez o ensino durante um longo período de tempo.

Entre 2013 e 2017 estive sempre fora do ensino. 

Neste período distante das salas de aula tive várias profissões. Aprendi e conheci gente muito interessante em todas elas, no entanto houve uma que me marcou particularmente, técnico de campo no projeto piloto do cadastro predial de Oliveira do Hospital. Cresci imenso profissionalmente nesse período  entre 2014 e 2015.

Nesta altura os empregos que exercia eram precários:  estagiário na Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, carteiro, comercial da Vodafone, ou guia turístico na freguesia da Bobadela.  Penso que não me esqueci de nenhuma função realizada. De todas as profissões descrita neste parágrafo a que mais gostei foi a de guia turístico, não me revendo a trabalhar em qualquer uma das outras.

O nascimento do meu filho em Janeiro de 2017 teve um peso fundamental no meu reerguer profissional e regresso de uma forma mais segura à vertente educativa.

Curiosamente no dia em que ele fez uma ano, a 29 de janeiro de 2018, fui-me apresentar na escola secundária do Fundão. O regresso ao ativo não foi fácil no entanto soube muito bem  no final aperceber-me que tinha conseguido ultrapassar o primeiro obstáculo onde foi muito importante a ajuda da Cecília 

Daí para a frente os obstáculos prosseguiram e nos dois ano letivos seguintes lecionei em duas escolas em simultâneo. Em 2018/19 (Manteigas e Pampilhosa da Serra) e 2019/20 (Pampilhosa da Serra e Tabuaço). A vontade de ir a casa  e poder ver o meu filho diariamente suplantou a dureza que as centenas de quilómetros ofereciam. No ano letivo 2019/20, especialmente duro. guardo a simpatia das escolas por onde passei e nunca me irei esquecer daquele mail que a escola de Tabuaço me enviou quando fui colocado em Grândola, agradecendo o meu trabalho e desejando-me sorte para o desafio que iria ter no ano letivo 2020/21. São gestos simples que eu dou um enorme valor.

3 comentários:

Renato Nunes disse...

Obrigado, Tiago, pela partilha das tuas "memórias". Gosto sempre muito de ler o que escreves. Continua! Abraço. Renato Nunes.

Alex disse...

Grande Tiagão, deixas te o teu coração neste texto, já sabia que era grande, mas fiquei seguro que ele também é corajoso ao ponto de contares as agruras da vida que cada um de nós passa cada um a sua maneira.

Grande abraço e continua a ser o bom homem que és

Tiago Sousa disse...

Obrigado amigo Alex.

Que pena que eu tenho de não ter ido tomar café contigo. Provavelmente já não irei a tempo de o tomar no Alentejo litoral mas tenho esperança de estar contigo na Figueira ou em Coimbra.

Obrigado por leres e comentares.

Grande abraço amigo