sábado, 12 de setembro de 2020

Dormir

Dormir é maravilhoso.

Na passada quinta feira quando fazia mais uma viagem de Grândola para Oliveira do Hospital ouvi um podcast onde abordaram as várias variantes do conceito de segurança. Segurança é uma palavra com significados que eu desconhecia na sua plenitude, como ter uma refeição, um salário, não ter dívidas, ter saúde e um sentimento de  segurança quando se circula na rua.

O ato de descansar bem está intrinsecamente ligado ao sentimento de segurança abordado no parágrafo anterior.

O Duarte nunca foi muito de dormir.

No dia 15 de Outubro de 2017, o dia dos grandes incêndios na região centro fomos de manhã ao pediátrico de Coimbra com o Duarte que na altura ainda não tinha 9 meses. Recordo-me que quando voltámos já perto da hora de almoço já se avistavam ao longe várias nuvens de fumo.Foi curioso pois o Duarte tinha passado várias noites a dormir muito mal e nessa noite muito difícil para as gentes da beira e particularmente de Oliveira do Hospital, dormiu muito bem.

A escola até aos três anos e 6 meses anos foi um espaço onde o Duarte não dormiu aquilo que na nossa opinião seria o desejável. Nas lembranças mais recentes relativas ao ano letivo 2019-20 lembro-me o que a educadora me disse "o Duarte dorme muito pouco, e por vezes temos de o tirar de lá pois está a incomodar". Após menos de uma hora a descansar colocavam-no a brincar com os mais velhos da pré-escola.

Já nos foi proposto para o Duarte deixar de dormir a sesta, no entanto consideramos que ele descansar por pouco que seja  será  bom para ele.

O Duarte durante o dia é muito estimulado quer pelas educadoras, pais e avós paternos. À medida que o Duarte foi crescendo e as estratégias para o adormecer foram-se tornando cada vez mais complexas,  difíceis e resultavam cada vez menos. Nós nunca tivemos o dom de lhe saber contar histórias para o adormecer e recorremos ao método mais fácil que foi mostra-lhe a Heide, o Gombby ou a menina dos cabelos ruivos no telemóvel. Na fase inicial (verão de 2018) apenas precisava de um episódio para adormecer, no entanto à medida que foi crescendo as dificuldades foram maiores pois um episódio não bastava para que ele dormisse. No final de 2019 lembro-me que após lhe mostrar um episódio de uma série ele se sentava sempre na cama e dizia "pai não quero dormir". Foram duras batalhas que nós enquanto pais e professores tínhamos de ter para conseguir preparar as aulas, fazer as lides de casa e dormir uma horas para nos fazermos à estrada ao outro dia.

Como já foi noticiado por mim neste blogue em Março e Abril, o período de confinamento foi duro para o Duarte e para  nós enquanto pais. O Duarte  perdeu de um dia para o outro o contacto físico com os avós e ficou cingido aos poucos metros quadrados do apartamento. O adormecer foi cada vez mais difícil, e ganhou uma afinidade cada vez maior à mãe.  

Nesta férias recordámos a sua alegria perante todos aquelas novidades. Notámos que ele absorveu todos os aqueles momentos com uma intensidade que eu não esperava. Não foi pois de estranhar que após o almoço fosse muito fácil de adormecer e dormisse horas a fio. Sentia-se feliz e seguro na companhia dos pais.

A visita aos avós maternos no Luso foram sempre para o Duarte locais em que ele sentiu uma tranquilidade, um sossego e segurança que não sentia em mais nenhum outro lugar. No fundo o Luso foi para o Duarte um espaço que ele sempre fez grandes sestas.

A insegurança da nossa profissão dos pais e a personalidade do Duarte podem explicar os sonos curtos após a hora da sesta.

Sem comentários: