quarta-feira, 25 de março de 2020

Memórias e desabafos em tempo de quarentena

Lembro-me perfeitamente de Janeiro de 2018, o meu reingresso no ensino. O recomeço foi muito duro e a vontade de desistir por diversas vezes assolou a minha cabeça. O nervosismo era imenso e a vontade de falhar maior ainda. Foi com alegria que no final do ano letivo 2017/18 me despedi da Escola Secundária do Fundão com a sensação de dever cumprido e ter ultrapassado este primeiro obstáculo sem distinção mas com dignidade e muito trabalho.

No ano letivo 2018/19 estive nas escolas de Manteigas e Pampilhosa da Serra.  Retomei o ensino do terceiro ciclo e a necessidade de me adaptar a realidades muito distintas. Ambas as escolas têm muito poucos alunos e foi o meu primeiro contacto com uma escola TEIP, Pampilhosa da Serra. Senti que este foi um ano der transição de preparação, no fundo de acreditar que era possível e capaz de abraçar esta profissão. Foi o ano que comecei a organizar na minha cabeça como tornar as coisas mais fáceis e aprender com os erros e consegui aos poucos construir a minha metodologia de trabalho.

Este ano letivo está a ser sem dúvida o maior desafio da minha vida profissional. Aceitei-o com algum medo mas com uma grande determinação que ia conseguir, fui colocado em Tabuaço e Pampilhosa da Serra com horário completo anual. Foi uma loucura para tanta gente mas um desafio de constante auto-superação para mim. Uma vez que entro sempre às 9 horas há segunda feira fico em Tabuaço, dia esse que aproveito para descansar mais um pouco e recuperar baterias para os restantes dias da semana, pois em todos os outros vou e venho para Oliveira do Hospital.  Considero o dia que fico em Tabuaço o meu dia livre. Neste ano letivo muito difícil estou a lecionar  3º ciclo, 12º ano e Economia a um Curso Profissional de Restauração e Bar. Tenho conseguido ultrapassar tudo com muito trabalho em casa, apoio da minha esposa, pais e sogros. Neste período aprendi a simplificar processos a improvisar.Foram tantas as vezes que sem a aula devidamente planeada tive que contornar a situação em contexto sala de aula e mesmo saindo da escola tantas vezes triste comigo, ter a noção que amanhã tudo irá ser melhor. O pensamento positivo e o olhar em frente acreditando nas minhas potencialidades foi sem dúvida a minha maior conquista.

O segundo período estava quase a acabar quando surgiu esta triste notícia do corona virus que nos obrigou a estar em casa e a ter de lidar com rotinas tão diferentes. Sinto saudades de dar aulas presenciais e da adrenalina de ter de ultrapassar os obstáculo diariamente. Já tinha tudo muito bem definido na minha cabeça e as coisas estavam a correr bem.
A adaptação a estas novas rotinas têm sido muito difícil para mim. Sinto vontade de sair de enfrentar a vida lá fora mas não posso, sinto que perdi liberdade e é tão duro. Readaptar-me a outros método de ensino tem sido tão difícil, ainda mais quando olho e leio mails e vejo que outros o fazem com tamanha facilidade. Sinto que é o começar do zero e o nervosismo do Fundão está a voltar, a necessidade de me adaptar a uma situação nova,  com novas  metodologias e com novas formas de lidar com o tempo.

6 comentários:

Helena Brantuas disse...

Estamos sempre a aprender... Força melhores dias virão. Se precisares de ajuda para tomar conta do Duarte, é só dizer. Mas todos os professores se queixam, é tudo novidade.

Tiago Sousa disse...

Obrigado mãe pela disponibilidade. Nesta fase o melhor para todos é evitar ao máximo as deslocações e contactos. Apesar de não estar a ser fácil para nós, pois a quantidade de mails e tarefas para fazer avolumam-se. Temos que nos reorganizar e pedir a compreensão dos colegas e alunos.

Renato Nunes disse...

Parabéns, Tiago Sousa! Continua a escrever. As tuas palavras ajudam-me a recordar o meu percurso. O futuro trará consigo melhores dias! Abraço.

Fernanda Pio disse...

Melhores dias virão, Tiago Neste momento o mais importante é estarmos todos em segurança. Espero que tudo esteja bem convosco e com toda a família. Beijinhos para todos

Olinda Aleixo disse...

Tranquilidade colega! melhores dias hão-de vir. A incerteza gera sempre angústia e nesta fase todos temos que nos adaptar. Pois nenhum de nós estava preparado para enfrentar semelhante mudança e tão rápida. Estou esperançada que com estas circunstâncias, novos paradigmas vão chegar e com o tempo tudo voltará à rotina mas com mais tranquilidade. Afinal este tempo de quarentena faz-nos perceber que o tempo é dono do seu tempo e que ele poderá colocar tudo no seu lugar. Teremos que ser pacientes e resilientes. Saudações geográficas

Maria de Fátima Brantuas disse...

Força Tiago, melhores dias virão, todos nós nos estamos a adaptar a esta nova realidade , pois o isolamento é difícil mas é para o bem de todos, é preciso é que estejamos todos bem de saúde, beijinhos