sábado, 10 de novembro de 2018

Desabafos de um professor


A vida de um professor não é mesmo nada fácil, é preciso gostar verdadeiramente para termos estofo para aguentar com as burocracias do Ministério da Educação, alunos e turmas indisciplinadas, com metas para atingir num universo muito diferente, cognitivamente falando.

Por outro lado, e talvez para mim o mais doloroso, as viagens. Foi uma opção tendo por isso que me sujeitar às suas consequências, no entanto não entendo que o Ministério da Educação não auxilie monetariamente como faz com os deputados, os professores que se encontrem deslocados do seu local de residência.

Executar de forma competente uma profissão depende de vários fatores, como o gosto por aquilo que se faz, ou as condições que nos são dadas para executarmos a nossa profissão. As escolas nos dias que correm, têm dificuldades em colocar professores. O que eu propunha às entidades é que fossem ao fundo da questão e percebessem, o porquê. Porquê que a profissão de professor é cada vez menos escolhida pelos jovens.

Eu na escola sinto um cansaço generalizado do corpo docente. As razões são várias: cortes nos salários, congelamento das carreiras, ou o aumento da idade da reforma. Ser reconhecido por aquilo que fazemos é algo que nos motiva e nos faz dar mais de nós em prol da nossa profissão. O que tem acontecido é precisamente o oposto Em consequência da forma como temos sido tratados a maior parte dos professores faz o mínimo (na minha opinião bem), isto é dá aulas, vão às reuniões e não dão mais do seu tempo à escola nem aos alunos. Quem perde, todos na minha opinião.

Ir ao fundo da questão na minha opinião é fundamental, perceber o que é preciso para nos sentirmos bem num local. Estabilidade e renovação do corpo docente na minha opinião é essencial para a melhoria da Educação em Portugal. Fazer um estudo sobre as maiores necessidades docente por Quadro de Zona Pedagógica (QZP) e criar estratégias para a colocação de professores, com contratos superiores a 1 ano, serão para mim boas soluções. Sei que é difícil agradar a todos e a proximidade ao local de residência não é fácil, no entanto é preciso criar mecanismos para que um professor possa ter mais valias por se encontrar distante do seu lugar de residência. A disponibilidade de residências a um preço mais acessível ou a criação de um subsidio que auxilie nas deslocações poderão ser estratégias a tomar pelo Ministério da Educação, pelas escolas ou pelos Municípios  para tornar o corpo docente mais concordante com quem lhes paga.

Haveria mais coisas a dizer. Como professor acredito num futuro melhor, no entanto é preciso que cada um não reme para o seu lado, sem haver muitas discrepâncias, pois o Futuro do país depende da Educação e vice-versa.

1 comentário:

Nuno Ramos disse...

Acertaste em cheio, andamos a pagar a deputados que nem lá metem os pés, mentem na declaração de residência para receberem ilegalmente subsídios de deslocação, e quanto outros são obrigados a saírem todos os anos as suas residência para preparar o futuro deste país e recebem zero...
Fazem estas pessoas as nossas leis...