sábado, 17 de novembro de 2018

A função de pai e mãe


Salvo erro em Novembro de 2011 quando estava no Colégio Santo André na Venda do Pinheiro lembro-me perfeitamente de um testemunho de uma criança. Na altura interpelei-a sobre a alegria do reencontro com os pais ao fim do dia ao qual esta me respondeu com um olhar vazio, dizendo-me que os pais no final do dia de trabalho continuavam focados nos ecrãs dos smartfones, tablets ou portáteis em detrimento de darem atenção ao filho. Esse momento fez-me refletir e pensar na importância crescente da escola, perante os seus educandos e na ausência dos pais.

Há distância de sete anos e já no papel de pai percebo melhor a história que me foi contada por aquela criança, pretendendo que a mesma não seja contada pelo meu filho daqui a uns anos. O papel de pai é fantástico, no entanto aufere uma responsabilidade muito singular que infelizmente nem todos são capazes. Eu não me considero um pai perfeito, pois acho que ninguém o será, no entanto quando estou com ele, o tempo por mais pequeno que seja tem de ser apenas para ele.

Feliz ou Infelizmente, o nosso filho, tem os seus pais professores contratados que nem sempre estão presentes, tendo horários muito voláteis, onde são obrigados por vezes a sair muito cedo de casa e chegar ao fim da tarde. Muitas vezes é necessário um grande jogo de cintura de forma a conseguir dar a atenção desejada a uma criança que não tem culpa nenhuma.  Felizmente podemos dizer com uma grande sensação de conforto de responsabilidade, que temos a sorte de ter um grande suporte familiar.

Sobre tudo o que foi dito, gostaria de relatar duas histórias de colegas com filhos comentadas ocasionalmente na sala de professores:
A primeira história é de uma mãe com um filho adolescente que lhe pediu ajuda para os trabalhos da escola. Esta cansada depois de um dia de trabalho e com dezenas de quilómetros percorrido respondeu-lhe, depois de jantar tratamos disso. Esta fez o jantar e tratou dos afazeres domésticos, e já perto das 21:00 disse ao filho para trazer os livros da escola. Em conjunto com o seu filho esta mãe e professora ajudou-o dando-lhe a atenção que ele merecia. Perto das 22:30 disse-lhe, está na hora de ir para a cama visto amanhã teres que acordar cedo. Às 23:00 a professora pegou finalmente nas aulas que teria de lecionar no dia seguinte, ao qual dedicou cerca de 2h30 deitando-se quando já passava da 1h da manhã. Ao outro dia às 7h30 teria de se fazer à estrada para mais um dia de trabalho.

A segunda história fala de um professor que estava a fazer uma formação elarning. Este tem dois filhos gémeos e viu-se na obrigação de pedir  para lhe alterarem o horário dos fóruns para as 22:00, quando este tinham sido definidos para as 19:00. Entre as 19;00 e as 22:00 eram momentos que ele dedicava apenas aos filhos não abdicando desse tempo para outra qualquer tarefa.

Com o meu testemunho e de dois colegas professores queria deixar um alertar a todos o pais. Diariamente apercebo-me de situações que me fazem doer o coração. A vida por vezes dá voltas, e não é possível prever determinadas coisas, no entanto quando decidirem ter um filho coloquem-no a no centro de tudo e dêem-lhe o Amor e à Atenção que ele merece.

1 comentário:

Tiago Sousa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.