sábado, 8 de dezembro de 2018

Pampilhosa da Serra uma perspectiva de desenvolvimento


Ser professor é uma profissão muito singular, pois funciona como intermediária entre ao pais e os alunos na educação e caminho da criança. A irreverência é algo intrínseco à juventude e apesar de me preocupar os seus excessos, preocupa-me muito mais o seu isolamento.

No fim de semana passado fui a uma festa de família à Sobreda (Almada)  e tive uma passagem fugaz pela capital em hora de jogo do Benfica. Naqueles momentos pude perceber as dificuldades sentidas por quem faz aquele trajeto diariamente. Quando cheguei à Sobreda questione-me se é melhor viver no interior onde as acessibilidade não são as melhores e onde se demora mais de 1 hora para percorrer 40 km ou nos concelhos à volta da capital onde se demora igual tempo para percorrer igual distância. Para mim definitivamente a primeira hipótese, qualidade de vida não é andar continuamente em filas de trânsito, para chegar ao seu destino.

Sobre a realidade que trabalho, a Pampilhosa da Serra, gostava de vos dar a conhecer um pouco da minha curta experiência.

Pampilhosa da Serra está localizada na extremidade sudeste do distrito de Coimbra. O seu isolamento e a necessidade de atrair população conduziu a que o município direccionasse os seus investimentos com o intuito de fixar e atrair população.

A oferta dos manuais escolares, uma medida que foi tomada agora a nível nacional, é algo que já existe na Pampilhosa da Serra há mais de uma década. A gratuitidade no acesso a todos os eventos ou serviços públicos com piscinas, ginásios ou a feira anual é algo que nem merece discussão ou comentários na localidade.

Relativamente a uma outra questão senti mesmo a vontade de perguntar aos alunos a sua opinião. Se a população escolar está a diminuir, porque é que estão a construir uma escola nova para o 1ºciclo.


A minha opinião, é clara, a construção de uma escola para o 1º ciclo é um caminho bem definido, no entanto não basta construir é preciso atrair pessoas para que a escola possa crescer. Neste caso específico a oferta formativa consegue manter os alunos até ao 9º ano só que depois não lhe dá opções alternativas ao ensino regular no ensino secundário e os alunos vêem-se na obrigação de sair do concelho, perdendo-se assim, grande parte do investimento que foi feito.  A construção da escola é muito bem vinda, no entanto espero que associado, venham projetos a longo prazo que dêem mais opções, fixem os alunos que têm e atraiam outros.

Os alunos infelizmente vêem a  construção da nova escola como um elefante branco que não deveria ser construído pois o que existe é suficiente. Observo que apesar de todas as mais valias que têm os alunos não valorizam o facto de viverem na Pampilhosa da Serra  tendo uma visão redutora sobre a sua permanência. Alguns disseram iriam escolher outros concelhos para a realização do ensino secundário, outros mesmo que permanecessem dificilmente lá iriam permanecer na idade adulta, pois não há ofertas de emprego.

Antes de fazer a questão já tinha uma ideia predefinida sobre aquilo que os alunos me iriam dizer. O caminho mais fácil é a gratuitidade, isso dá votos a curto prazo, no entanto a longo o prazo não se vê o desenvolvimento de uma região. Os acessos continuam deficientes demora-se muito tempo para chegar às capitais de distrito mais próximas, as empresas acabam por não se sentir atraídas, porque na minha opinião o município da Pampilhosa da Serra  direcionam os seus esforços para horizontes muito curtos não pensando a longo prazo.

9 comentários:

Tiago Sousa disse...

Infelizmente há muitos exemplos como este pelo país fora. Infelizmente a tendência é continuar a perder população a um ritmo assustador. Infelizmente, os nossos sucessivos governantes estão-se a marimbar para o interior. São eles os primeiros a abandonar o interior quando encerram serviços públicos importantes. Ora se o Estado vira costas ao Interior, vamos esperar que sejam os privados a acreditar?? O Estado tem de dar o exemplo. A descentralização é urgente, benefícios fiscais para empresas e pessoas que se fixem no interior também. Lisboa está a abarrotar pelas costuras e no interior há dezenas de sedes de concelho com infraestruturas consideráveis para receber mais gente. Não acredito que o cenário se inverta. Falaste na Pampilhosa da Serra, eu poderia falar em Vila Flor.

Luís Teixeira

Tiago Sousa disse...

Custa-me desde cedo se colocar na cabeça das crianças que o bom está no litoral.
Mas também são incitadas a isso. Para mim é inaceitável que não haja oferta formativa para além dos cursos regulares na Pampilhosa. A inexistência de alunos não é justificação. Tudo tem que ser pensado com deve ser. de acordo com as necessidades de mercado.O desenvolvimento de uma região deve começar na escola porque são eles que são os profissionais de amanhã

Tiago Sousa

Tiago Sousa disse...

Tiago Sousa , a escola vai formá-los profissionalmente para trabalhar aí em que empresas??

Luís Teixeira

Tiago Sousa disse...

Não se deve começar a casa pelo telhado, O Governo tem um papel fundamental na criação de melhores acessibilidade, saúde, educação, justiça. No que se refere às empresas isso deve ser um trabalho feita pelas autarquias e pelo governo para perceberem que tipo de empresas se possam instalar ali. Infelizmente com as fracas acessibilidade e com a crescente saída de população há cada vez menos vontade de apostar no interior

Tiago Sousa

Tiago Sousa disse...

Logo neste momento estarias a formar para se irem embora.

Luís Teixeira

Tiago Sousa disse...

Mas pelo menos ficariam lá no secundário.

Tiago Sousa

Tiago Sousa disse...

Infelizmente o critério economicista impera. Nos próximos dez anos fecharão muitas "secundárias" no interior

Luís Teixeira

Tiago Sousa disse...

Infelizmente. So posso lamentar que vamos nessa direção

Tiago Sousa

Tiago Sousa disse...

Obrigado, Tiago! Concordo contigo: sem esse esforço de procurar pensar o país, de um modo interligado, numa perspectiva de médio e longo prazo dificilmente poderemos alterar o status quo. Abraço.

Renato Nunes