Admito a minha nostalgia! Por mais duro que tenha sido o degrau a ultrapassar, há sempre marcas e lembranças que nos ficam. Tive pena de apesar de me ter lembrado vastas vezes, nunca me ter dado para tirar foto à placa com a indicação “Albufeira 75km”. Pode parecer estúpido ou ilógico lembrar-me de um pormenor que para o comum dos mortais não teria qualquer importância. As mais vulgares lembranças seriam as possíveis fotos das actividades realizadas pela escola ou das jantaradas celebradas em períodos pontuais utilizados para comemorar uma data ou festividade específica. Recordo-me do ano lectivo e consequentemente dos bons momentos passados, no entanto dou mais relevâncias ao contacto com as gentes locais, a percepção das suas especificidades. A placa “Albufeira 75Km” observada mal cheguei a Ourique teve o simbolismo de me lembrar da distância ao Algarve, mas também perceber a distância de casa.
De Ourique recordo o Alentejo, os costumes e afabilidade das gentes que me souberam receber.
Com tristeza observei o esquecimento da História de uma outrora marcante localidade, que em consequência da sua localização geográfica foi um marco importante da independência do país. A localização do castelo sobreviveu às diabruras do tempo, sendo as suas muralhas substituídas por uma estrutura em cimento, que serve um miradouro fantástico onde se observa o confluir da peneplanície alentejana com a serra de Monchique a sul e a serra do Cercal a sudoeste. Um local aprazível para ajudar a passar os tempos mortos e recarregar baterias.
Durante a minha estadia no Alentejo procurei conhecer a cultura local. Visitei Castro Verde,Santiago do Cacém, Mértola entre outras localidades. Pude compartilhar a presença de um património histórico muito rico onde a presença árabe se cruzou com a romana. É pena que infelizmente haja um desmazelo, não sendo o património devidamente sinalizado e preservado.
2 comentários:
São perfeitamente compreensíveis estas tuas memórias e o simbolismo da placa dos n km. Um desterrado percebe muito bem outro que, à sua smelhança, se confronta com esta errância agridoce. Mais amarga do que doce... mas que nos conforta perante a ausência de trabalho.
A dureza dos tempos passados fazem-nos lembrar recordações inevitáveis, boas ou más são sempre recordações. No final faz-se a sumula e reflecte-se um pouco sobre aquilo que aprendemos e nos apercebamos, observando hoje a realidade de uma forma um pouco diferente.
Reflexos das experiências compartilhadas no Alentejo.
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