"Conheço as palavras pelo dorso.
Outro, no meu lugar,
diria que sou um
domador de palavras.
Mas só eu - eu e os
meus irmãos - sei em que medida sou eu que sou domado por elas.
A iniciativa
pertence-lhes.
São elas que conduzem
o meu trenó sem chicote,
nem rédeas, nem
caminho determinado antes da grande aventura.
Sim, conheço as palavras.
Tenho um vocabulário
próprio.
O que sofri, o que
vim a saber com muito esforço fez inchar,
rolar umas sobre as
outras as palavras
. As palavras são seixos que rolo na boca antes de as
soltar.
São pesadas e caem.
São o contrário
dos pássaros, embora "pássaros" seja uma das palavras.
A minha vida passou para o dicionário que sou.
A vida não interessa.
Alguém que me procure
tem que começar - e de se ficar - pelas palavras.
Através das várias
relações de vizinhança,
entre elas
estabelecidas no poema,
talvez venha a saber alguma coisa.
Até não saber nada,
como eu não sei."
Adorei este poema por falar na palavra e na espontaneidade com elas surgem quando a inspiração inala em nós e deixamos que as palavras fluam num texto.
Diariamente tenho a ambição de conseguir soltar as palavras que tenho em mim e fazer um belo texto. Procuro inspiração embora muitas vezes não o consiga. Escrever exala em mim um prazer e uma tranquilidade natural.
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