sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

O poder da palavra

Não Sei Nada

"Conheço as palavras pelo dorso.

Outro, no meu lugar,

 diria que sou um domador de palavras.

 Mas só eu - eu e os meus irmãos - sei em que medida sou eu que sou domado por elas.

 A iniciativa pertence-lhes.

 São elas que conduzem o meu trenó sem chicote,

 nem rédeas, nem caminho determinado antes da grande aventura.

Sim, conheço as palavras.

 Tenho um vocabulário próprio.

 O que sofri, o que vim a saber com muito esforço fez inchar,

 rolar umas sobre as outras as palavras

. As palavras são seixos que rolo na boca antes de as soltar.

 São pesadas e caem.

 São o contrário dos pássaros, embora "pássaros" seja uma das palavras.

A minha vida passou para o dicionário que sou.

 A vida não interessa.

 Alguém que me procure tem que começar - e de se ficar - pelas palavras.

 Através das várias relações de vizinhança,

 entre elas estabelecidas no poema,

talvez venha a saber alguma coisa.

 Até não saber nada, como eu não sei."

 Ruy Belo

Encontrei este poema em prosa, por isso  a conversa para poesia não está correta. Mas conta a intenção.

Adorei este poema por falar na palavra e na espontaneidade com elas surgem quando a inspiração inala em nós e deixamos que as palavras fluam num texto. 

Diariamente tenho a ambição de conseguir soltar as palavras que tenho em mim e fazer um belo texto. Procuro inspiração embora muitas vezes não o consiga. Escrever exala em mim um prazer e uma tranquilidade natural.

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