Chega ao fim mais um dia e quase mais uma semana de trabalho.
Observo que a interrupção letiva do natal se aproxima rapidamente. Sinto-me muito cansado e com muita vontade de abraçar o meu filho e a minha esposa e sentir o aconchego da minha família mais de perto.
Na passada segunda feira, antes de me fazer à estrada para mais 3h e meia de caminho ficou-me no ouvido as breves palavras do meu filho Duarte:
"Pai não vás, está muita chuva, gosto muito de brincar contigo". Palavras que inevitavelmente nos tocam o coração.
A semana passou e inevitavelmente já não é possível transpor na integra o diálogo naquele final de tarde de segunda feira tive com o meu filho. As viagens são extremamente cansativas, no entanto não consigo abdicar delas. Elas são fundamentais para suavizar um pouco a dureza da minha semana de trabalho.
Já passaram alguns meses e apesar da passagem do tempo, não consigo sentir o calor e a alegria de estar no meu local de trabalho. A impossibilidade de ver a cara das pessoas e de nos aproximar tornou ainda mais difícil difícil à adaptação e a uma escola profissional fria.
Hoje numa conversa com uma colega na sala de professores disse-lhe que sentia falta exigência e rigor no ensino nesta escola profissional. Aos alunos basta marcarem presença nas aulas ou mesmo que faltem há sempre uma justificação que cola e lhes permite continuar a faltar sempre que quiserem.
Nós professores somos sem dúvida quem trabalha mais na escola.
O que acho mais confrangedor é andarmos atrás dos alunos para eles fazerem as fichas para conseguirem concluir o módulo, quando eles nas aulas não quiseram saber e posso dizer mesmo andaram a gozar connosco. Sem dúvida isto é um ciclo vicioso que os alunos conhecem muito bem.
É interessante perceber que que a minha colega pensa exatamente o que escrevi no dia 14 de Novembro. Nós desaprendemos de ser professores.
É gritante a falta de autonomia dos alunos e vontade de ter acesso ao conhecimento.
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