E terminaram as duas primeiras semanas de aulas.
Confesso que este grande hiato temporal entre a colocação e o início da atividade como docente me deixou impaciente e com vontade de começar o mais rápido possível. Fui colocado em meados de Agosto e só comecei o ano letivo no dia 21 de Setembro, mais de um mês depois. O meu horário de terça feira foi me dado salvo erro no dia 17 de Setembro e o meu horário definitivo apenas me foi facultado no dia 22 de Setembro, o meu primeiro dia de trabalho.
Eu por norma não sou uma pessoa organizada e preciso de começar a trabalhar para as ideias e as aulas se começarem a organizar-se na minha cabeça. Com esta chegada tardia do horário derivado a problemas informáticos e às exigências da pandemia que dificultou muito a sua conclusão. Aproveitei os dias antes do começo do ano letivo para observar com mais cuidado a disciplina que eu desconhecia totalmente, Área de Integração. Na véspera de ir para Grândola preparei uma ficha com base nos conteúdos de Geografia do Secundário na esperança de que isso fosse suficiente para os meus primeiros dias de trabalho.
Bem como por norma acontece com toda a gente a primeira semana foi muito dolorosa.
Na escola sinto simpatia dos colegas para comigo, no entanto ainda não me sinto integrado no meio. Faltam-me pessoas para conversas e exprimir as minhas dificuldades, medos e dúvidas. Eu tento colmatar isso focando-me naquilo que tenho para fazer, tenho aproveitado para descansar e fazer caminhadas muitas vezes sem rumo definido, apenas andar um pouco, conhecer as ruas e observar as pessoas e os lugares.. Essa rotina faz-me sentir melhor antes de ir preparar o jantar numa casa que aluguei perto da escola.
Em tempos de pandemia conseguir uma casa perto da escola, que permita estar no meu local de trabalho em pouco mais de 5 minutos foi a melhor decisão que eu tomei.
A escola é muito pequena e não tem grande condições para o ensino teórico. A grande luminosidade que existe na escola e entra nas salas foi agravado com Covid 19, pois foram retiradas as cortinas que impediam a entrada de alguma luz. Outros constrangimentos é o acesso à internet e o facto de muitas salas não terem videoprojector. Um fator positivo da pandemia para mim foi a divisão das turmas em salas diferentes. Eu numa aula de 50 minutos apenas estou com a turma 25 minutos, tendo de me deslocar de sala em sala.
Um aspeto negativo que me apercebi que faz parte das rotinas de um grande número de alunos é que além de não para cumprirem o seu dever de tirarem o caderno e registarem o que eu digo usam o telemóvel de forma natural e sem qualquer noção do desrespeito que estão a ter perante o professor.
Estas duas semanas serviram para conhecer os alunos e organizar as aulas e os conteúdos que tenho lecionar, pois são muitas turmas e 6 níveis diferentes que tenho que preparar todas as semanas.
Lecionar apenas numa escola de ensino profissional para mim tem sido uma aventura e uma aprendizagem diária. O meu horário excede as 22h letivas semanais e são acrescentada horas caso eu possa e queira sempre que falta um docente. Esta lecionei duas horas a mais ao meu já extenso horário, tendo num dos casos apenas sido informado meia hora antes.
As formas de ensinar e avaliar terão necessariamente que ser diferentes do designado ensino regular. A capacidade de refazermos aprendizagens tem de ser um processo constante. Após estas duas semanas percebi que vai ser mais um enorme desfio que tudo farei para estar à altura.
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