Hoje eu e o Duarte fomos passear de manhã a Travanca de Lagos.
No final do passeio sentámo-nos no muro da escola primária e o Duarte perguntou enquanto bebia água de uma pequena garrafa de plástico "pai como é que metem a água na garrafa".
A minha imaginação percorreu um conjunto de caminhos para encontrar uma explicação simples que uma criança de 4 anos acabados de fazer percebesse.
Refleti um pouco e apercebi-me que só há pouco mais de uma década entendi porque é que a água brotava das nascentes dos rios. Na minha mente permaneceu durante muito tempo a ideia da minha avó Prazeres, muito religiosa, que dizia que a água brotava debaixo da terra devido a um milagre divino.
Bem continuando a minha exposição à pergunta do Duarte:
"Duarte a água vem das nuvens e quando chove a água cai no solo e vai para debaixo da terra"
"A água permanece debaixo da terra criando rios"
O Duarte não percebeu muito bem essa parte (rios de baixo da terra) e tive que lhe dizer explicar melhor: "imagina um copo gigante que está debaixo na terra que apanha a água que cai da chuva". "Lembra-te naquela água que está naquele copo gigante debaixo da terra, nunca há sol e a água fica lá muito tempo".
"Porque é que o sol não entra pai" perguntou o Duarte ao que eu respondi "Não entra porque como te disse a água do copo gigante está debaixo da terra e o sol não consegue lá chegar" Para não estar a introduzir a palavra infiltrar que dava azo a outro diálogo e mais perguntas avancei com a explicação.
"Há duas maneiras que o Homem tem de tirar a água do copo gigante que está debaixo da terra"
"Quais são as duas maneiras" perguntou o Duarte
"Sabes Duarte a primeira maneira é furar a terra com uma broca gigante para chegar à água que está no copo gigante"
"Pai como é que conseguimos tirar a água do copo gigante?"
"Bem quem tira a água é um motor" "pai como é que o motor tira a água" Bem inverti a exposição e falei-lhe do aspirador. "Sabes Duarte imagina que o motor é um aspirador que aspira o lixo qua anda no chão da nossa casa" "O motor aspira a água que está no copo e vai para as torneiras e daí para a garrafa de água".
Queres saber qual a segunda maneira. Ele estava confuso mas aceitou que eu continuasse a explicação. A segunda maneira foi mais difícil de explicar. Foi a minha dúvida que permaneceu na minha cabeça durante mais de duas décadas.
"A segunda maneira acontece quando o copo gigante fica cheio e a água entorna e forma rios de baixo da terra. Os rios percorrem distâncias muito grandes debaixo da terra até que encontram um local mais fraco e conseguem aparecer à superfície dando origem às nascentes dos rios e ribeiros"
Esta segunda ideia definitivamente o Duarte não percebeu bem ou talvez eu não tenha conseguido ter a capacidade de a explicar de um modo mais simples. Ficou a tentativa.
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