sábado, 7 de novembro de 2020

Desabafos de fim de semana.

O fim de semana é um período de relaxamento. Quando estou na escola estou constantemente a  reinventar metodologias de ensino procurando tornar o ensino mais prático possível dentro das limitações que a pandemia nos exige.
Trabalhar numa escola exclusivamente profissional tem sido para mim uma aprendizagem diária. O que mais me entristeceu é que neste processo de ensino aprendizagem o professor tem cada vez menos peso sobre o comportamento dos alunos. Sinto-me impotente para fazer face a vicios que já estão esmiuçados dentro dos currículos profissionais,  onde aprender, escrever e discutir abertamente os temas da matéria passou a ser em muitos casos difícil.

Observo que nestas gerações o conhecimento deixou de ocupar um lugar que tinha no passado..

As estratégias que nós possamos implementar para conseguir reconhecer a nossa função de professor  esbarram na ideia bem vincada que existe nestas escolas onde estão os alunos mais preguiçosos e com mais vontades de completar o 12º sem esforço. Sem dúvida estão no sítio certo.

De um modo individual, os professores podem fazer muito pouco para fazer face a tudo isto.  Como se diz se não os queres vencer junta-te a eles, no entanto eu ainda não consigo fazer isso.

Nesta fase de pandemia e estando numa escola de alunos com uma tipologia própria, que sobrevive à custa dos alunos para se manter aberta, não percebo como é possível uma escola publica ter tão más condições de trabalho

 Por vezes é inevitável que  repense sobre a minha vontade de prosseguir nesta profissão. 

Quando cheguei a Grândola chamou-me a atenção o estado de degradação visível do exterior da Escola Secundária de Grândola paredes meias com a minha escola, a EPDRG. Cada vez mais sinto que os alunos não sabem estimar a escola, porque não lhe reconhecem o seu merecido valor para o seu crescimento enquanto Homens e futuros membros integrantes da população ativa.
Já por várias vezes perguntei aos alunos quais são as suas revindicações ao que estes na maior parte não me respondem, pois estão cismados de cabeça baixa a olhar para o telemóvel ou então quando tenho de algum me responder, as respostas são vagas.

Principalmente na disciplina de Área de integração os debates sobre imigração e cumprimento dos direitos humanos fazem parte dos conteúdos programáticos. Aquando da abordagem do tema não pude deixar de ficar surpreendido por a quase totalidade dos alunos ser contra a imigração e serem completamente insensíveis ao incumprimento dos direitos humanos que existem em Portugal, só por serem populações de cor. Assusta-me profundamente ver uma juventude que pensa cada vez menos no outro. Já devia estar preparado para isso mas infelizmente não estava. 


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