texto escrito a 14 de Dezembro (Sábado)
O passado é
um fardo que me aporta e me impede de serenar. Quando estou bem relaxo estou
bem, quero viver tudo, penso que nunca mais voltarei a ficar mal e facilito,
desleixo-me. Aconteceu que na semana passada caí com estrondo e não me consegui
ainda levantar. No sábado passado estava bem queria corrigir os testes do
7ºano. Estava feliz porque estava convencido que os testes estavam bons, tinha
conseguido lecionar as coordenadas geográficas e sabia que a mensagem tinha
passado. Sentia vontade de ver o meu filho jogar em mais um torneio de hóquei,
na minha opinião estava tudo sobre controlo. A serenidade latejava e eu estava
feliz. Num abrir e fechar de olhos cambaleei, deixei-me vencer pelo cansaço. As
aulas começaram a correr a mal, os alunos a comportarem-se mal e eu tornei-me
apático e sem reação. Progressivamente fui-me fechando, deixei de interagir,
passei a não ter capacidade de resolver problemas e estes avolumaram-se. Não
consegui preparar aulas do 7º ano, 9º.
Olho para o
dia de ontem e observo o prazer que tive em dar aula ao 7ºC. Tinha a estrutura
da aula na cabeça e descrita numa folha de papel. Quando sentia que aula estava
a descarrilar agi de forma afirmativa e consegui que a minha mensagem passasse.
Na aula do 7ºC tive prazer em expressar os meus conhecimentos, pois percebi que
a maior parte dos alunos estava lá pronto a ouvir-me. Isso nem sempre é assim,
há alturas que consequência do cansaço perdemos confiança.
Eu luto
avidamente pela perfeição pelos sorrisos, sentir que os alunos me acarinham e
gostam de mim. Quero à força que isso aconteça e quando penso assim, isso
dificilmente acontece. Recordo-me de imensas coisas que eu me agarrei par
serenar em todas elas acreditei e em todas acabei por não ver nenhum resultado.
Agarrei-me ao desporto. Há uns tempos jogava ténis frequentemente na esperança
de melhorar, para poder participar em torneios e ganha-los. Em tempos
socorri-me da música pois acreditava que era ela a minha saída. Queria saber um
número infindável de músicos para me tornar melómano. Acabei por me esgotar e
desisti da música tal como desisti do ténis.
A minha
procura por saídas para a minha ansiedade esbarra no meu querer alcançar a
perfeição. Alcançar a perfeição enquanto docente é o que me tem esgotado
mais. É a profissão que eu desempenho há
mais tempo. Insisto em não desfrutar dela e quero de forma insistente idealizar
o professor perfeito.
Estamos na
fase final do primeiro período e luto contra o tempo para avaliar os trabalhos e dar as
notas dos meus alunos sem que hajam dúvidas. Esbarro nos meus erros e dúvidas e
insisto em dizer que não consigo e que
não presto. Passo a mensagem à Cecília em várias e até já o disse em frente ao
meu filho. Todas essas fraquezas transmitidas a quem está mais próximo de mim
deitam-me ainda mais a baixo. Levantar a cabeça é difícil. Encarar de frente os
trabalhos do 10º ano que tenho de
corrigir e elaborar as tabelas dos quizizzz realizados pelo 11º ano tornam-se
tarefas árduas que eu não tenho forças para vencer. Pôr mãos à obra e deixar o
semblante carregado não é uma tarefa fácil, mas quero acreditar que
consigo.